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Tartarugas marinhas em Cabo Verde correm risco de extinção

Caretta caretta
Foto tartaruga, Caretta caretta (Nomes comuns: cabeçuda ou mestiça), fonte Atlas Virtual da Pré-História

Cidade da Praia, 26 out (Lusa) – Uma em cada três tartarugas que chegou este ano às praias da ilha cabo-verdiana da Boa Vista foi morta, indicam os cálculos dos ambientalistas, alertando que em uma década esta espécie pode estar extinta.

Em perigo estão as tartarugas Caretta caretta, uma espécie em risco de extinção, que, de junho a outubro, procura as praias de Cabo Verde para pôr os ovos, e onde todos os anos também populares teimam em matá-las e comê-las. Por Fernando Peixeiro, da Agência Lusa.

Em 1997, o governo de Cabo Verde proibiu a matança de tartarugas marinhas entre junho e fevereiro, mas, em 2002, tornou crime a morte de tartarugas em qualquer época do ano, uma lei que nunca convenceu os apreciadores da carne da caretta.

Na ilha da Boa Vista, uma organização espanhola do grupo Natura 2000 foi a primeira a desenvolver um projeto de proteção às tartarugas, chefiado por Luís Felipe Lopez Jurado, biólogo e professor espanhol.

Contatado pela Lusa, o biólogo explicou que no ano passado foram mortas mais de 1.000 tartarugas nas praias da Boa Vista e que este ano teriam sido mais de 600, enquanto quase 2.000 conseguiram pôr os ovos e voltar sãs e salvas para o mar.

Apesar da diminuição de mortes, afirmou que “a este ritmo, dentro de oito a dez anos a população de tartarugas não será recuperável.”

Vigilância

Cabo Verde recebe a terceira maior população de tartarugas Caretta caretta do mundo, a maior parte na ilha da Boa Vista, onde em fevereiro deste ano o governo das Canárias anunciou um financiamento de 3 milhões de euros para a construção de um centro de pesquisa especialmente voltado para as tartarugas.

Luís Felipe Lopez Jurado diz que é fundamental desenvolver um sistema de vigilância total das praias e acusou “meia centena de pessoas da Boa Vista” de estarem “a pôr em causa o patrimônio natural e o principal produto turístico da ilha”.

“Não compreendo como é que esse pequeno número de pessoas está a pôr em causa esse patrimônio. Não há vontade política em Cabo Verde para resolver o problema. Teoricamente sim, mas quando chega a hora da verdade as autoridades não fazem nada”, disse.

Ações

Nuno Loureiro, professor da Universidade do Algarve, do sul de Portugal, percorreu durante mais de uma semana as praias da Boa Vista e disse à Lusa que há praias onde se vêem centenas de carapaças de tartarugas.

“Vi muitas ainda com vestígios de sangue, vi carros de matadores na praia, tartarugas acabadas de matar, e ninguém quer saber”, afirmou.

Jacquie Cozens, que na ilha do Sal é responsável pela SOS Tartarugas, disse à Lusa que na ilha ninguém é responsabilizado e que dois homens apanhados com tartarugas alegaram que não sabiam que era proibido e foram mandados embora.

Depois, foi feita uma vala numa das praias, matando muitas tartarugas bebés, em total “falta de respeito pela lei”, acusou, adiantando ainda assim que este ano apenas foram mortas 34 tartarugas na ilha do Sal.

A SOS Tartarugas está desde 1º de junho patrulhando as praias do Sal, em alguns casos retirando ovos depositados em zonas de risco e colocando-os em incubadoras. Segundo Cozens, foi também feito um trabalho de sensibilização para o risco dos veículos nas praias.

Nota do EcoDebate: informações adicionais sobre a tartaruga Caretta caretta, de acordo com o Projeto Tamar
http://www.projetotamar.org.br/

Nome Científico: Caretta caretta

Nomes comuns: cabeçuda ou mestiça

Status internacional: Em Perigo (classificação da IUCN)

Status no Brasil: Em Perigo (lista de espécies ameaçadas do IBAMA)

Distribuição: oceanos Atlântico, Índico, Pacífico e mar Mediterrâneo (águas temperadas).

Habitat: baías litorâneas e fozes de grandes rios

Tamanho: 71 a 105 cm de comprimento curvilíneo de carapaça
Peso: 150 kg em média.

Casco (carapaça): óssea, com cinco placas laterais de coloração marrom, o que define a espécie em comparação com as demais.

Cabeça: possui uma cabeça grande e uma mandíbula extremamente forte

Nadadeiras: anteriores/dianteiras curtas e grossas e com duas unhas; as posteriores/traseiras possuem duas a três unhas

Dieta: são carnívoras, alimentando-se principalmente de mariscos típicos do fundo do oceano, também comem caranguejos, moluscos, mexilhões e outros invertebrados triturados pelos músculos poderosos da mandíbula

Estimativa mundial da população: 60.000 fêmeas em idade reprodutiva.

[EcoDebate, 27/10/2008]

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