Pnad-2007 Primeiras análises: Para Ipea, política habitacional precisa ultrapassar lógica da casa própria
É preciso diversificar a política habitacional do país que sempre esteve calcada na aquisição da casa própria para adequar os investimentos nessa área às necessidades da população. A análise é da coordenadora de Estudos Setoriais Urbanos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Maria Piedade Morais.
Segundo ela, enquanto o mercado imobiliário brasileiro está voltado para imóveis de luxo, há uma grande demanda por moradias menores, de baixo custo e para alugar no país.
“No fundo as pessoas não precisam comprar uma casa. Se você é um jovem, por exemplo, e não sabe onde vai trabalhar no futuro, não precisa, necessariamente, comprar uma casa, tem é que ter onde morar”, afirmou a especialista.
Para ela, os responsáveis pela política habitacional ainda não perceberam a relevância de ter diferentes tipos de ofertas. “A moradia de aluguel é uma necessidade principalmente da população jovem. As cidades grandes precisam não só de maior oferta de moradia popular, mas de moradia popular para alugar”, defendeu a coordenadora.
Entre a população que precisa de pequenos imóveis e poderia ser atendida por aluguéis acessíveis, ela inclui também os idosos, cujo número tende a crescer com o aumento da expectativa de vida no país.
Como alternativas, ela sugere redirecionar o foco da política habitacional, ampliar os programas de arrendamento residencial, como o que atualmente é gerido pela Caixa Econômica Federal, e incentivar a construção civil popular voltada para o aluguel.
Para ela, embora o imaginário da casa própria seja muito presente no Brasil, o importante é que a pessoa consiga morar a exemplo do que acontece na Europa. “A política habitacional social em vários países europeus não é a moradia de compra, é a de aluguel. Lá se tem um estoque público e uma série de famílias usam o aluguel social. Você tem várias alternativas e eu acho que o Brasil deveria começar a perceber a importância de diversificar a oferta do tipo de moradia.”
Segundo ela, especialistas apontam que o fato de ter uma casa limita as opções de inserção do indivíduo no mercado de trabalho já que ele fica preso espacialmente.
Matéria de Adriana Brendler, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 23/10/2008.
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta que envie um e-mail para newsletter_ecodebate-subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
Fechado para comentários.