EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

ONU culpa subsídios aos biocombustíveis por alta nos preços dos alimentos


Foto: FAO

ROMA – A agência de alimentos da ONU pediu uma revisão das políticas e subsídios do biocombustível na última terça-feira, dizendo que eles contribuem para a significativa alta nos preços dos alimentos e para a fome em países pobres.

Com políticas e subsídios encorajando a produção que acontece em grande parte do mundo em desenvolvimento, os fazendeiros geralmente acham mais lucrativo manter plantações destinadas à fabricação de combustível do que para a alimentação, uma mudança que ajudou a gerar a falta de comida no mundo. Por ELISABETH ROSENTHAL, do The New York Times.

As políticas atuais precisam ser “urgentemente revistas para preservar o objetivo de garantia de alimentação mundial, proteger fazendeiros mais pobres, promover o desenvolvimento rural e garantir a sustentabilidade do meio ambiente”, disse um relatório publicado na terça-feira por Jacques Diouf, diretor executivo da Organização de Alimentos e Agricultura da ONU.

As Nações Unidas agora se unem a inúmeros grupos ambientalistas e especialistas da área que pedem um fim (ou uma limitação) aos subsídios dos biocombustíveis, que são extraídos de plantas e podem ser substituídos por petróleo ou gás mineral.

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico recentemente concluiu que o apoio governamental à produção em massa dos biocombustíveis é caro e “têm impacto limitado na redução da emissão de gases causadores do efeito estufa e na garantia do fornecimento de energia”. Por outro lado, teve “impacto significativo no preço das colheitas em todo o mundo”.

Conforme o preço do petróleo e as preocupações com as emissões de carbono aumentavam, inúmeros países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia, instituíram subsídios e incentivos à indústria do biocombustível.

Como resultado disso, a produção de biocombustível feito de colheitas que também poderiam ser usadas como alimento triplicou entre 2000 e 2007, afirmou a Organização de Alimentos e Agricultura. O apoio que visa encorajar a produção de biocombustíveis em países participantes da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico somou mais de US$ 10 bilhões em 2006, afirmou o órgão.

Mas muitos estudos no ano passado concluíram que a corrida aos biocombustíveis tiveram desastrosas consequências, ainda que não intencionais, para a segurança da produção de alimentos e para o meioa mbiente. Menos comida disponível em países pobres significou uma alta no preço dos grãos em todo o mundo e a perda de florestas preciosas conforme fazendeiros buscam criar campos para lucrar com a procura pelo biocombustível, afirmaram os estudos.

Os especialistas dizem que tanta energia é necessária para converter as plantas em combustíveis que o processo não resulta na economia de emissões de carbono.

O relatório da organização afirmou que apenas dois combustíveis são claramente melhores para o meioambiente do que os combustíveis fósseis quando se considera todo o “ciclo de vida” de sua produção: óleo de cozinha reutilizado e a cana de açúcar do Brasil.

Nota do Ecodebate: Abaixo transcrevemos a matéria no seu texto original, em inglês:

Para traduzir o texto utilize a barra de ferramentas de idiomas, no topo da matéria, logo abaixo do título e, na caixa de opções, selecione o idioma “Português”.

U.N. Says Biofuel Subsidies Raise Food Bill and Hunger
By ELISABETH ROSENTHAL
A version of this article appeared in print on October 8, 2008, on page A8 of the New York edition.

ROME — A United Nations food agency called on Tuesday for a review of biofuel subsidies and policies, noting that they had contributed significantly to rising food prices and the hunger in poor countries.

With policies and subsidies to encourage biofuel production in place in much of the developed world, farmers often find it more profitable to plants crops for fuel than for food, a shift that has helped lead to global food shortages.

Current policies should be “urgently reviewed in order to preserve the goal of world food security, protect poor farmers, promote broad-based rural development and ensure environmental sustainability,” said a report released here on Tuesday by Jacques Diouf, the executive director of the United Nations Food and Agriculture Organization.

In releasing the report, the United Nations joined a number of environmental groups and prominent international specialists who have called for an end to — or at least an overhaul of — subsidies for biofuels, which are cleaner, plant-based fuels that can sometimes be substituted for oil and gas.

In a devastating assessment released this summer, the Organization for Economic Cooperation and Development concluded that government support of biofuel production in member countries was hugely expensive and that it “had a limited impact on reducing greenhouse gases and improving energy security.” It did have “a significant impact on world crop prices” by helping to raise them.

“National governments should cease to create new mandates for biofuels and investigate ways to phase them out,” the Organization for Economic Cooperation and Development concluded in its report. The organization includes European countries, the United States, Canada, Japan and Australia.

Still, Willy de Greef, secretary general of EuropaBio, a biotechnology industry group, said the world possessed the land and agricultural ability to produce enough food and fuel through subsidy programs.

“Of course these policies have to be developed with high quality sustainability criteria,” he said. But he added that that should include consideration of the fact that biofuels could help reduce poverty. “The development of biofuels will in fact create new revenue options for farmers all over the world, including poor farmers,” he said.

In the past eight years, as oil prices and concerns about carbon emissions have increased, a number of countries, including the United States, and the European Union have put into place subsidies and incentives to energize the fledgling biofuel industry.

As a result, the production of biofuels made from crops that could also be used for food increased more than threefold from 2000 to 2007, the Food and Agriculture Organization said. Support to encourage biofuel production in Organization for Economic Cooperation and Development countries amounted to more than $10 billion in 2006, the organization said.

But a host of studies in the past year concluded that the rush to biofuels had some disastrous, if unintended, consequences for food security and the environment. Less food is available to eat in poor countries, global grain prices have skyrocketed and precious forests have been lost as farmers have created fields to join the biofuel boom, the studies said.

Worse still, specialists say, so much energy is required to convert many plants into fuel that the process does not result in a savings of carbon emissions. The O.E.C.D.’s report said only two food-based fuels were clearly environmentally better than fossil fuels when considering the entire “life cycle” of their production: used cooking oil and sugar cane from Brazil. Sugar cane is far easier to convert to biofuel than most other crops.

Already this year, the European Union has stepped back from its target of having 10 percent of Europe’s fuel for transportation come from biofuel or other renewable fuels by 2020.

Last month, the European Parliament suggested that only 5 percent come from renewable sources by 2015, and that 20 percent come from new alternatives “that do not compete with food production.”

Mr. Diouf of the Food and Agriculture Organization stopped short on Tuesday of suggesting that the world end biofuel subsidies. Rather, he said they should be revised to direct the benefits to developing nations.

Nota do Ecodebate: sobre o relatório da FAO, relacionando os subsídios aos biocombustíveis e a crise alimentar, sugerimos que leiam, também: “FAO apela para uma revisão das políticas e dos subsídios aos biocombustíveis

[EcoDebate, 11/10/2008]

Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário do Portal EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta que envie um e-mail para newsletter_ecodebate-subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.