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Seca na Austrália reduz rebanho bovino

Falta de gado não é um problema que apenas os frigoríficos brasileiros enfrentam atualmente. Se aqui o ajuste na produção levou à menor oferta de animais para abate, na Austrália foi a seca que afeta várias regiões do país, com mais ou menos intensidade, desde 2002 que derrubou o rebanho bovino. Por Alda do Amaral Rocha, do Valor Econômico, 07/10/2008.

Desde o ano em que as chuvas começaram a escassear até hoje, o número de cabeças de gado na Austrália, entre animais de corte e de leite, caiu de 29 milhões para 27,5 milhões de unidades, segundo Winifred Perkins, consultora da ProAnd Associates Australia. A especialista em indústria da carne bovina, que participou da Conferência Internacional de Confinadores, realizada em setembro, em Goiânia, explica que a falta de alimento em decorrência da seca levou ao abate de animais, por isso o rebanho australiano diminuiu.

A indústria da carne de Queensland, principal região de produção de gado da Austrália, com 40% do total, foi uma das mais afetadas pelo clima adverso.

Junto com a redução na oferta de gado para abate, a Austrália acabou perdendo também o posto de maior exportador de carne do mundo para o Brasil, em 2003. O problema climático no país da Oceania acabou contribuindo para o avanço brasileiro no exterior, e até o ano passado o Brasil manteve a liderança.

Neste ano, o país que exporta 65% do que produz, deve voltar a ter queda nos embarques, de acordo com Perkins. Em 2007, foram 1,4 milhão de toneladas (equivalente-carcaça) – a estimativa é de 1,270 milhão de toneladas este ano. “Vai cair por falta de boi e porque o dólar australiano está valorizado”, disse, em entrevista em meados de setembro, portanto, antes de a moeda americana começar a se fortalecer ante outras divisas por conta da crise financeira nos EUA.

No país, que tem 80 estabelecimentos exportadores de carne bovina, a brasileira JBS também já é maior empresa do setor. Tudo começou quando a empresa adquiriu, em maio de 2007, a americana Swift Foods Company, que além de plantas nos EUA, tinha unidades de carne bovina, quatro confinamentos de gado e uma trading na Austrália. Neste ano, a JBS adquiriu também o Tasman Group no país.

Segundo Winnifred Perkins, só com a Swift, a JBS já era responsável pela compra de 18% do gado do país. Agora, esse percentual já é maior, afirmou ela. Atrás da JBS no país, estão companhias como a Teys, de capital australiano, e a múlti americana Cargill.

A analista diz que, no início, a aquisição da Swift australiana pela JBS surpreendeu todo o mercado. Mas que, aos poucos, a surpresa foi substituída por uma reação positiva. “Se a JBS não comprasse, a Swift quebraria”.

Para a especialista australiana, seu país tem muito a aprender com o Brasil no que diz respeito à diversificação dos mercados para exportação. A maior parte das vendas externas de carne bovina da Austrália tem como destino o Japão. Os EUA também são importantes, mas este ano têm comprado menos. Outros clientes relevantes são Coréia e Taiwan.

“Estamos muito concentrados. Precisamos encontrar novos mercados emergentes, como Indonésia e China”, comenta.

De fato, o Brasil tem ampliado as vendas a países emergentes, principalmente depois das restrições da União Européia à carne brasileira no começo deste ano.

[EcoDebate, 08/10/2008]

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