Pnad-2007 Primeiras análises: Estudo indica queda na fecundidade e envelhecimento da população
O diretor de Estudos Sociais do Instituto de Pesquisas Ecomômicas Aplicadas (Ipea), Jorge Abrahão, participa da apresentação da série Pnad-2007: Primeiras Análises, que este ano abordará os temas população, família e gênero Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr
A queda acelerada das taxas de fecundidade e da mortalidade registradas no país provoca mudanças rápidas no ritmo de crescimento da população. A mais importante, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é o envelhecimento dos brasileiros.
De acordo com a pesquisa Pnad 2007: Primeiras Análises, a taxa de fecundidade total no ano passado foi de 1,83 filho por mulher. A média foi inferior à chamada taxa de reposição (de 2,1), que significa o mínimo de filhos que cada brasileira deveria gerar para que, no período de trinta anos, a população total do país seja mantida.
A queda teve início na segunda metade dos anos 60 e poderá, a partir de 2030, refletir em uma população “super envelhecida” no Brasil, reproduzindo experiências de países da Europa Ocidental, além de Rússia e Japão.
A projeção é que a população brasileira irá atingir o seu máximo em 2030, com um contingente de aproximadamente 204,3 milhões de habitantes. Para 2035, a expectativa cai para 200,1 milhões.
Como conseqüência direta, a população com idade inferior a 15 anos, que representou 33,8% da população total em 1992, passou a responder por 25,2% em 2007. Já a população idosa que, em 1992 representava 7,9% da população, passou a responder por 10,6% no ano passado.
O estudo mostra que, além do envelhecimento da população total, a proporção de pessoas com idade superior a 80 anos está aumentando. O percentual de brasileiros nesse grupo passou de 1%, em 1992, para 1,4%, no ano passado, o que representa um universo de 1,6 milhões de pessoas.
Os dados, de acordo com o Ipea, indicam uma maior demanda por cuidados de longa duração e por pagamento de benefícios previdenciários e assistenciais por um período de tempo também mais longo.
Segundo o instituto, alguns grupos populacionais no país já experimentam taxas negativas de crescimento, como as pessoas com menos de 3 anos de idade. Entre 2030 e 2035, os únicos grupos populacionais que deverão apresentar crescimento positivo, de acordo com o estudo, são formados por pessoas com idade superior a 45 anos.
Sudeste registra taxa de fecundidade mais baixa do país e Nordeste a mais alta
Apesar da queda na fecundidade ter sido registrada em todas as regiões do país, as taxas, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), são desiguais. Em 2007, os mais baixos índices de fecundidade foram observados no Sudeste enquanto os mais altos foram encontrados no Nordeste.
De acordo com a pesquisa Pnad 2007: Primeiras Análises, a taxa de fecundidade total no ano passado foi de 1,83 filho por mulher. A média foi inferior à chamada taxa de reposição (de 2,1), que significa o mínimo de filhos que cada brasileira deveria gerar para que, no período de trinta anos, a população total do país seja mantida.
Enquanto, em 1992, uma mulher nordestina tinha 1,2 filho a mais que uma residente na Região Sudeste, no ano passado essa diferença era de 0,5 filho.
De acordo com a pesquisa, a fecundidade é maior nas camadas de mais baixa renda, mas a distância entre as camadas sociais também tem diminuído ao longo dos anos quando o assunto é a quantidade de filhos. Em 1992, mulheres de baixa renda tinham 3,3 filhos a mais que as de alta renda. Em 2007, essa diferença passou a ser de 2,6 filhos.
A coordenadora do grupo técnico de população e cidadania do Ipea, Ana Amélia Camarano, acredita que, caso a velocidade da queda de fecundidade seja mantida, o Brasil poderá ter de recorrer a políticas de incentivo à natalidade.
“Mas é uma política de longo prazo e difícil. A gente está vendo a experiência européia. Já se gastou muito dinheiro incentivando a natalidade com resultados pequenos. É o caso também do Japão.”
O estudo do Ipea revela ainda que mulheres brasileiras que possuem alta renda têm apresentado taxas de fecundidade “extremamente baixas” – semelhantes, inclusive, a de países como Itália, Espanha e Japão, onde os números não ultrapassam 1,3 filho para cada mulher.
O grau de escolaridade, segundo o Ipea, também reflete em mudanças nas taxas de fecundidade. Em 1992, uma mulher com baixo nível de educação tinha 1,8 filho a mais que mulheres com alta escolaridade. Em 2007, esse mesmo índice foi reduzido para 1,4.
Leia a publicação na íntegra.
http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/comunicado_presidencia/08_10_07_Pnad_PrimeirasAnalises_N11demografia.pdf
Matéria de Paula Laboissière, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 08/10/2008.
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