Lançamento do livro Dom CAPPIO: RIO E POVO, por Gislene Margarida Pereira (Gisa)
Na Igreja do Carmo, em Belo Horizonte, dia 02 de outubro (de 2008), aniversário de Gandhi, aconteceu o lançamento do livro Dom CAPPIO: RIO E POVO.
O Velho Chico se fez presente através da belíssima mostra fotográfica de João Zinclar, que mostrava silenciosamente seus danos, tais como: assoreamento, trabalho escravo nas carvoarias, o cerrado morto para dar lugar à monocultura do eucalipto, do algodão, da soja e da cana, as margens desbarrancadas pela ausência das matas ciliares, a pobreza dos ribeirinhos, vítimas de um modelo de desenvolvimento excludente. Flores como strelitzas, girassóis, crisântemos e ramos amarelos (tango) enfeitavam o salão. Pela simplicidade em que vive o povo ribeirinho, organizamos uma “mesa ribeirinha” para contrastrar com a elegância das mesas de frios. Esta “mesa ribeirinha” foi uma das atrações da festa. Ornamentada com frutas comuns dos quintais ribeirinhos: mangas, cajus, mexericas, goiabas, graviolas, ameixas, (faltando só umbus e cajás-manga ) que se misturavam com gamelas de balas da roça embrulhadas em palhas.
Uma gande caixa cheia de pamonhas e o mingau de milho-verde, de Sô Luiz, de Venda Nova, roubaram a cena. O povo endoidou quando viu heranças culturais da cultura camponesa que a metrópole tinha roubado.
Em um canto brilhava um painel grande, de pano, com o traçado do rio São Francisco das nascentes à foz, bordado enquanto acontecia o 2o jejum de Dom Cappio, por Gisa, bordadeiras de Macacos e de outras sete comunidades.
Havia representantes de muitos movimentos sociais. Uma turma de jovens camponeses que estão cursando Administração na Faculdade Izabella Hendrix, em Belo Horizonte. Muitos militantes da Via Campesina. Povo da comunidade da igreja do Carmo. Muita gente que luta por um país mais justo e digno. Cerca de 300 pessoas.
O brilhantismo da festa ficou completo com a participação especial de
PEREIRA DA VIOLA e DITO RODRIGUES. Emocionou a todos o Hino Nacional saído das cordas de uma viola dedilhada por Pereira da Viola, um dos melhores violeiros do Brasil, artista
comprometido com a luta dos movimentos sociais, crítico intransigente da Transposição do Velho Chico. Pereira estava ao lado de Letícia Sabatella e tantos outros artistas que, em 20/12/2008, acamparam em Brasília, pedindo ao STF que suspendesse a covarde transposição.
Frei Gilvander, organizador e co-autor do livro fez abertura falando da grandeza do homem Dom LUIZ FLÁVIO CAPPIO, que durante 24 dias esteve em greve de fome contra a faroônica e insana Transposição do Rio São Francisco. “Eis um grande profeta no nosso meio. Feliz quem ouve a voz dos profetas. A Transposição está amaldiçoada. Começou, mas não terminará. Este livro é a VERDADE sobre a Transposição”, alertou Gilvander.
Embalado pelos Violeiros, inclusive por Dércio Marques (que chegou atrasado), os movimentos sociais e convidados/as cantaram, dançaram e brincaram de roda com Pereira da Viola e Dito Rodrigues. Que beleza! Uma energia rejuvenescedora irradiava no ambiente!
Todas as entidades presentes: MAB, COMITÊ MINEIRO do Fórum Social, ARTICULAÇÃO POPULAR EM DEFESA DO RIO SÃO FRANCISCO, CEBS, CPT, VIA CAMPESINA e … fizeram breves falas cumprimentando frei Gilvander, aniversariante e organizador do livro, sua tenacidade em defender o rio São Francisco contra este insano projeto de Transposição e seu comprometimento com os movimentos sociais. Pereira da Viola não conseguia parar de tocar, pois todo o salão cantava e ria com a “embolada” que cantava. Cem livros vindos de São Leopopoldo, RS, foram vendidos e autográfados. Numa noite tão franciscana, tanto o Rio como o Santo, tenho certeza, dormiram como eu: em verdadeiro ESTADO DE GRAÇA. Salve o Velho Chico. Viva Dom Cappio, profeta timoneiro de uma sublime luta.
E-mail: gisaguida@ig.com.br
Nota: O livro pode ser comprado, via internet, em www.cebi.org.br
[EcoDebate, 06/10/2008]
Muitos são os motivos para este livro ser adotado como referencia em todas as escolas, para os nossos jovens saibam sobre a verdade, a importância e a necessidade sobre o velho Chico. E como a força do dinheiro e do poder pode interferir de uma maneira destruidora em nossos patrimônios. Maria de Fátima Marques.