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Estudo sugere política climática para Europa poupar na saúde

Lisboa, 2 out (Lusa) – A Europa poderia economizar até 25 bilhões de euros (R$ 69 bilhões) na área da saúde por ano, caso a União Européia implementasse imediatamente políticas climáticas “mais exigentes”, revela um estudo de várias Organizações Não-Governamentais (Ongs) divulgado nesta quinta-feira.

A avaliação de impactos da Comissão Européia (braço executivo do bloco europeu) diz que, atualmente, 369 mil pessoas morrem prematuramente devido à poluição do ar, o que representa um gasto em cuidados de saúde e medicação de 3% a 9% do Produto Interno Bruto (PIB) da UE.

Para atenuar esta situação, o estudo da Rede Européia de Ação Climática, da Health and Environment Alliance (HEAL) e da WWF defende que a União Européia teria de aumentar “imediatamente a meta de redução das emissões de gases de efeito de estufa, à custa de um esforço interno para o ano de 2020, de 20% para 30%”, conforme as recomendações do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas.

A aplicação desta medida possibilitaria uma poupança anual entre os 6,5 e os 25 bilhões de euros (R$ 69 bilhões), resultantes de uma melhoria geral ao nível da saúde na Europa, que permitiria ainda reduzir por ano cerca de oito mil entradas nos hospitais. Além disso, poderia ser evitada a perda de dois milhões de dias de trabalho, aponta o estudo.

Estas estimativas baseiam-se na avaliação do impacto econômico em diversos vários níveis, como a redução de esperança média de vida e da própria qualidade de vida, os dias de trabalho perdidos (baixa médica) e as despesas hospitalares.

Perante estes resultados, as entidades apelam ao Parlamento Europeu para que seja “mais ambicioso” e suba o objetivo com vista à redução dos gases com efeito de estufa até 2020.

Efeito em Portugal

Em entrevista à Agência Lusa, o vice-presidente da Quercus, Francisco Ferreira, afirmou que estas medidas teriam um “impacto extremamente positivo” em Portugal pela redução dos gases de efeito de estufa e da qualidade do ar, que é ruim em muitos centros urbanos.

Segundo o ambientalista, a redução das emissões de gases estufa iria incidir no setor dos transportes, “um dos principais responsáveis pelas emissões de poluentes do ar e de dióxido de carbono, que é o maior contribuinte para as alterações climáticas”.

Francisco Ferreira adiantou que a meta de redução das emissões de gases poluentes para 30% deveria ser atingida através de medidas internas que recorram o menos possível aos mecanismos do Protocolo de Kyoto.

Para o diretor-executivo da Health and Environment Alliance (HEAL), Génon Jenses, “os dados mostram claramente que adotar medidas para controlar o aquecimento global, através da redução das emissões de carbono e outros gases estufa, traz benefícios significativos para a saúde”.

“Por si só, este potencial justifica a alteração imediata da meta européia para, pelo menos, 30% na redução interna das emissões de gases com efeito de estufa em 2020”, disse Jense no relatório, acrescentando que “a União Européia deveria estar a mostrar maior capacidade de liderança neste assunto tão crucial para o nosso futuro”.

Delia Villagrasa, da WWF, acrescenta que até agora a discussão sobre alterações climáticas incidiu sobre os custos da indústria e da economia, enquanto os custos da poluição atmosférica para a sociedade têm sido “largamente ignorados”.

Com o atual debate sobre o “Pacote Energia e Clima” da União Européia (conjunto de medidas para eliminar as emissões de gases de efeito de estufa na Europa), a UE tem a oportunidade de liderar o caminho para manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC comparado com os níveis pré-industriais, frisou o documento.

Matéria da Agência Lusa, 02-10-2008 15:50:43, publicada no EcoDebate, 03/10/2008.

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