‘É muito difícil evitar um cataclismo no planeta Terra nos próximos cem anos’. Entrevista com o astrofísico Stephen Hawking
Stephen Hawking, astrofísico (Foto: Getty Images)
O astrofísico Stephen Hawking passou pela Espanha e deixou seu desalentador diagnóstico em face ao futuro. Dentre outras apostas, ele assegura que “o futuro da raça humana deverá transcorrer no espaço, se não queremos nos extinguir”. O astrofísico também supõe que a tentação por modificar geneticamente o tamanho da memória, a resistência a doenças ou a duração da vida trará conseqüências.
A reportagem é da Revista Ñ, do jornal Clarín, 25-09-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O cientista mais midiático do planeta esteve na Galícia pernoitando, comendo ostras e inclusive bebendo o famoso vinho albariño. Até o deão da catedral de Santiago utilizou o turíbulo e incenso, na segunda-feira passada, em louvor a esse “peregrino da luz”, eliminando as referências religiosas de seu discurso, para não atrapalhar um homem que acredita que “a ciência não deixa espaço para os milagres”.
Stephen Hawking, enfim, anda por Santiago de Compostela com fama multitudinária para receber, no próximo sábado, o primeiro prêmio Fonseca de Divulgação Científica. O físico – prostrado em uma cadeira de rodas por causa de sua esclerose – aproveitou a ocasião para apresentar seu novo livro, a novela infantil “A Chave Secreta do Universo”. Falando por meio de um computador desde que, em 1985, foi-lhe feita uma traqueotomia, Hawking vê como sua paralisia avança a cada dia e, há dois anos, nem sequer pode mover os dedos, e por isso sua velocidade de resposta é de uma ou duas palavras por minuto (ele ativa seu computador com um sensor movido com os olhos).
Por isso, os jornalistas tiveram que lhe entregar as perguntas com um mês de antecedência, e ele as respondeu por escrito, para lê-las ontem – ativando seu sintetizador de voz –, em um ato que foi, como qualquer um dos que ele participa, um emocionante canto em homenagem à força de vontade e à superação das próprias limitações. Neste ano, Hawking também publicou “La gran ilusión” [A grande ilusão], em que faz uma critica às principais obras de Einstein.
O senhor conseguiu, com a sua “Breve história do tempo” (1988), que os ensaios sobre temas científicos se convertessem em best sellers. Por que mudou agora para a ficção?
Pela baixa estima que a ciência tem de si mesma, cada vez menos pessoas desejam se converter em cientistas. Para que as crianças vejam que não há emoção maior que a da descoberta, a de perseguir as respostas a nossas grandes perguntas: quem somos? De onde viemos?
Por que o senhor quer viajar ao espaço?
Inscrevi-me para formar parte de um vôo espacial porque quero encorajá-los. O futuro da raça humana deverá transcorrer no espaço se não queremos nos extinguir. Seria desejável estabelecer uma base em um planeta ou em uma lua.
Temos que fugir do planeta? Estamos tão mal assim?
Já é muito difícil evitar um cataclismo no planeta Terra nos próximos cem anos. A longo prazo, a raça humana não deveria pôr todos os seus ovos na mesma cesta, neste planeta. Esperemos que se possa evitar que a cesta caia até que sua carga tenha se espalhado (isto é, nós) por outros lugares. As graves ameaças que nos espreitam são que estamos nos situando à beira de uma segunda era nuclear e essa mudança climática sem precedentes.
Por que o senhor diz que já não há tempo para esperar que a evolução darwiniana nos faça mais inteligentes?
Agora é o momento do auto-projeção. Estou certo de que, durante este século, se descobrirá como modificar tanto a inteligência assim como instintos como a agressividade. Surgirão leis contra a engenharia genética com humanos, mas alguns não resistirão à tentação de melhorar características como o tamanho da memória, a resistência a doenças ou a duração da vida. Uma vez que apareçam esses super-humanos, existirão problemas políticos graves com os humanos não-melhorados, incapazes de competir. Provavelmente, morrerão ou se converterão em irrelevantes. Em seu lugar, haverá uma raça de seres auto-projetados que se melhorarão cada vez mais.
Nestes dias, fala-se muito do maior experimento da história, o do acelerador de partículas do CERN. O que aconteceria se não se detectasse nem sequer as ondas gravitacionais?
Seria muito mais interessante. Mostraria que algo em nossas teorias funciona mal. Apostei cem dólares que não encontraremos esse Higgs.
Gordon Brown ou David Cameron?
Ideologicamente, sou socialista, de forma que me encontro mais próximo de Gordon Brown, que me parece um bom indivíduo. No entanto, não fiquei nada feliz com as políticas de Tony Blair, especialmente com seu apoio à guerra do Iraque.
(www.ecodebate.com.br) entrevista publicada pelo IHU On-line, 29/09/2008 [IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]
Ah tá!
Então o Sr Hawkings quer divulgar ciência desta maneira?
Além da sua Tecnociência destruir a Terra, agora quer destruir outros planetas em outras galáxias.
Vade Retro,Darth Vader!!!