EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Como o cidadão comum pode plantar árvores e salvar áreas degradadas


Uma floresta no quintal – Não é preciso ser milionário para reflorestar uma área com árvores da Mata Atlântica. Belisa Ribeiro, jornalista, mudou-se há dois anos para um sítio em Miguel Pereira, a 130 quilômetros do Rio de Janeiro. Ela sempre curtiu a noite, é mãe de músicos. Um deles é Gabriel, o Pensador. Belisa não faz o perfil ecológico. Um dia recebeu em seu sítio a visita de um casal de tucanos. Para ela, foi um sinal da natureza. Um privilégio, um milagre. Miguel Pereira é uma região degradada, com morros queimados, muita erosão e pouca consciência ambiental. Por Ruth de Aquino, na Revista ÉPOCA, Edição 540 – 22/09/2008 .

E se ela criasse uma pequena floresta com mudas nativas da Mata Atlântica? Outras aves surgiriam: sanhaços, sabiás, coleiros. Talvez seu exemplo fosse seguido pelos vizinhos. Mas, Belisa pensou, isso não passa de sonho. Reflorestamento é um lance para top models como Gisele Bündchen ou empresas como a Vale do Rio Doce. Uma pessoa comum não tem dinheiro nem técnica para topar um desafio desses. Em pouco tempo, ela viu que estava errada.

Belisa não só reflorestou um morro abandonado com 2 mil mudas de 61 espécies nativas, mas também se transformou numa “agente multiplicadora” do Instituto Educa, ligado à Fundação SOS Mata Atlântica. Os agentes multiplicadores são formados pelo programa Floresta do Futuro. Belisa reduziu seus custos ao ceder o sítio para palestras de conscientização de proprietários rurais. Gastou ao todo menos de R$ 6 mil. As mudas foram doadas, e os engenheiros florestais não cobraram pelo projeto. Belisa gastou apenas com a equipe que plantou as árvores ao longo de seis dias e abriu uma trilha para ecoturismo. Isso aconteceu em maio. As mudas têm etiquetas com o nome vulgar e o científico. A pitangueira é uma Eugenia uniflora. O ipê-roxo é uma Tabebuia impetiginosa. O pau-brasil é uma Caesalpinia echinata. A quaresmeira é uma Tibouchina granulosa.


Naturalmente, ninguém é obrigado a decorar os imponentes nomes científicos para ser um reflorestador. É preciso buscar orientação técnica em primeiro lugar, para saber como, onde, o que e quando plantar. E como manter vivas as mudas. Árvores exóticas não ajudam a enriquecer o ecossistema, diz Rita Souza, do Instituto Educa Mata Atlântica. O instituto administra um viveiro comunitário da Fundação SOS, patrocinado pelo Bradesco e pela Volkswagen. Produz 1 milhão de mudas por ano e procura produtores rurais e proprietários que queiram plantar na bacia hidrográfica do Rio Paraíba do Sul. Também há viveiros em São Paulo (Osasco, Registro, Marília e Campinas) e no Espírito Santo (Vila Velha).

As mudas são doadas, jamais vendidas. A doação mínima para um proprietário rural é de 5 mil mudas. Mas, se você for uma pessoa comum, e quiser plantar uma árvore de Mata Atlântica em um jardim, acesse clickarvore.com.br para saber qual é o viveiro do Instituto Educa mais próximo de você. Vá até lá para conseguir uma muda de graça. As melhores espécies são aquelas que já existem em sua região e que atraiam fauna, para, depois, “a floresta andar sozinha”, diz Rita Souza.

Adianta plantar uma árvore numa área degradada? Adianta mais do que na Floresta Amazônica. Mais do que em bosques. “Essa árvore funciona como uma testemunha de sobrevivência, um símbolo de resistência. A árvore é mais importante quanto maior for a escassez de vegetação”, afirma Márcia Garrido, a engenheira florestal que ajudou Belisa a reflorestar seu sítio. “Daqui a um ano”, diz Belisa, “as mudas de margaridas enfeitarão as beiradas da trilha deste meu pequeno Jardim Botânico e, quem sabe, outras pessoas da região estarão fazendo o mesmo.”

ÉPOCA preparou um pequeno manual do reflorestador iniciante. O Brasil só tem hoje 7% de sua Mata Atlântica original. Você pode fazer diferença.

Dicas para tornar-se um reflorestador

* A melhor época para plantar é no início do período das chuvas, logo que passa o inverno. No Sudeste, seria o mês de setembro. Deve-se evitar o plantio em épocas de seca.

* O site www.clickarvore.com.br traz informações sobre como ganhar mudas.

* Procure uma empresa que se responsabilize pelo reflorestamento, como a Coopflora, cujo e-mail é coopflora1@gmail.com.

* Planeje, para depois do plantio, uma visita mensal de um engenheiro florestal que garanta a sobrevivência da floresta, com irrigação, combate a formigas, capina, roçada, adubação e limpeza. Pode custar R$ 10 mil ao longo de três anos.

Conheça os 14 benefícios do reflorestamento

Ruth de Aquino
Os benefícios do reflorestamento

1. Recuperação das nascentes
2. Controle da erosão do solo
3. Prevenção do assoreamento dos canais de drenagens, rios e açudes
4. Amenização do clima, reduzindo a temperatura média
5. Retenção de poluentes atmosféricos
6. Redução do aquecimento global por meio do seqüestro de carbono
7. Embelezamento da paisagem
8. Valorização do imóvel
9. Recomposição da Reserva Legal e das Áreas de Preservação Permanente, regularizando o imóvel perante os órgãos ambientais
10. Proporcionar abrigo e alimentação para a fauna
11. Estímulo ao ecoturismo
12. Prevenção de ocupação irregulares (favelas, invasões)
13. Extração / manejo de produtos florestais não-madeiráveis (mel, plantas medicinais, ornamentais, frutíferas silvestres, palmito)
14. Implantação de consócios agroflorestais

[EcoDebate, 24/09/2008]

One thought on “Como o cidadão comum pode plantar árvores e salvar áreas degradadas

  • José Antonio Graziel

    Adquiri recentemente um sítio na cidade de Cunha SP e iniciei um trabalho de recuperação das áreas degradadas.Fiz a correção das erosões e outras necessidades, pretendo reflorestar uma área de 4 alqueires: De quantas mudas preciso e como as consigo.

    Obrigado.
    Graziel

    Resposta do EcoDebate

    Prezado Graziel,

    A própria matéria indica o caminho para o seu projeto. Acesse http://www.clickarvore.com.br e encontrará as informações necessárias.

    Portal EcoDebate

Fechado para comentários.