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Sem prazos para desmatamento zero, governo quer dobrar área reflorestada até 2015


Os ministros da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, e do Meio Ambiente, Carlos Minc, apresentam o Plano Nacional de Mudança Climática Foto: Marcello Casal Jr/ABr.

O desmatamento é a principal fonte de emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa do Brasil. Apesar de a devastação da mata contribuir com cerca de 75% do total desses gases lançados pelo país na atmosfera, o tema não teve prazos ou metas quantitativas de redução definidas pelo Plano Nacional de Mudança Climática, apresentado ontem (25).

O plano cita a busca pela “redução sustentada das taxas de desmatamento até que se atinja o desmatamento ilegal zero”, mas não faz nenhuma referência a data limite ou prazos a serem cumpridos.

Para recuperar as áreas já degradadas, a proposta é investir “em projetos agressivos de reflorestamento”, de acordo com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. “A partir de 2015 vamos estar plantando mais que derrubando”, calculou Minc.

O objetivo é chegar a 11 milhões de hectares de florestas plantadas no Brasil até 2015, o dobro da área atual. No entanto, apenas 2 milhões de hectares deverão ser reflorestados com vegetação nativa. A maior parte vai receber espécies exóticas, com fins comerciais, como eucalipto e culturas para produção de biocombustíveis, principalmente babaçu, dendê e pinhão manso.

Em relação ao estímulo à produção de etanol previsto pelo plano, Minc voltou a afirmar que o avanço da cana-de-açúcar não comprometerá áreas de preservação. A estimativa é dobrar a produção de álcool combustível até 2017 e chegar a 53,7 bilhões de litros anuais.

“Não vai ter um novo hectare de cana em área de produção de alimentos, na Amazônia e no Pantanal. Não há nenhuma possibilidade do nosso etanol não ser verde, senão será rejeitado”, apontou.

Matéria de Luana Lourenço, da Agência Brasil, publicada pelo Ecodebate, 26/09/2008.

Nota do EcoDebate: Reflorestar como, onde e com o que? Reflorestar com eucalipto e pinus, como muitos atualmente já fazem com o “rótulo verde” de neutralização de carbono, é acreditar que árvores são todas iguais, o que, até o MMA deve saber que não é verdade.

Movimento Mundial pelos Bosques entregou, nesta segunda-feira (22) à Organização das Nações Unidas pela Agricultura e Alimentação (FAO) uma declaração assinada por mais de 100 profissionais e estudantes florestais de 29 países diferentes, que estão em total desacordo com a definição da FAO de que monocultivos de árvores são bosques. Entre os impactos provocados pelo monocultivo de árvores, a declaração aponta: perda de biodiversidade; alteração do ciclo hidrológico, que resulta tanto na diminuição e esgotamento de fontes de água como no aumento das inundações e deslizamentos; diminuição da produção de alimentos; degradação de solos.

Resumo da ópera: Este Plano Nacional de Mudança Climática é apenas mais do mesmo, como sempre.

Henrique Cortez, coordenador do Ecodebate