Moratória do cultivo da soja na Amazônia é só propaganda
Relatório sustenta que plantação de leguminosa nunca foi suspensa
A moratória da soja na Amazônia, decretada por organizações não-governamentais (ONGs), grandes empresas de grãos e até mesmo pelo movimento ambientalista Greenpeace, não passou de propaganda e de marketing para influenciar consumidores da Europa seduzidos pelo apelo de preservação da floresta. Criada supostamente para frear o desmatamento na região, a moratória é tratada como uma autêntica farsa em relatório que acaba de ser divulgado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Santarém, no oeste do Pará. Por Carlos Mendes, da Redação, O Liberal, PA, 21/09/2008.
Assinada em outubro de 2006 e ratificada em junho passado, a moratória foi um compromisso assumido pela Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) e suas empresas associadas de não adquirir soja de áreas onde a floresta tivesse sido derrubada. O relatório da CPT diz que, além dos impactos ambientais, o cultivo de soja na Amazônia provoca conflitos sociais e fundiários.
As famílias dos municípios de Santarém e Prainha, no oeste do Pará, por exemplo, continuam sendo expulsas de suas terras, algumas vezes sob a mira de armas e ameaças de mortes, para dar lugar a empresas que derrubam a floresta para vender a madeira e plantar grãos. O cacique Odair Borari, da aldeia Novo Lugar, situada na Gleba Nova Olinda, sofreu dois atentados por ter denunciado às autoridades públicas a presença de grileiros nas terras indígenas onde vive seu povo. Ele se diz jurado de morte pelos novos barões do campo e seus pistoleiros.
PRESSÃO
A produção de soja, ainda de acordo com a CPT, nunca foi interrompida no Pará, porque as mesmas empresas que assinaram o documento continuam expandindo as áreas de plantio. Foi tudo, literalmente, para inglês ver. Resultado: nove comunidades dos municípios de Santarém e Belterra já desapareceram e outras 31 tiveram a população diminuída, correndo também o risco de extinção. A pressão é muito forte.
Isto acontece porque novas fazendas de soja fecharam estradas comunitárias, impedindo acesso de moradores a vários locais com guaritas e homens armados. O relatório ‘Impactos Sociais da Soja’ também denuncia a dispersão de agrotóxicos utilizados no plantio da soja com prejuízo à saúde de moradores vizinhos às plantações.
Impactos
No documento há uma crítica velada à discussão, com ‘viés puramente ambientalista’, a respeito do avanço da soja na região, o que teria deixado de lado os impactos socioeconômicos da monocultura do grão sobre as populações dos pólos de Santarém, Paragominas e Redenção. ‘A moratória da soja, que foi tão divulgada, não passou de propaganda. Serviu apenas aos interesses dos representantes da soja, que precisavam de um marketing junto aos consumidores da Europa, que ameaçavam boicotar produtos ligados à soja da Amazônia’, acusa o relatório.
Os compradores responsáveis por 94% da soja comercializada pelo País se comprometeram a não comprar grãos produzidos em áreas desmatadas. Na prática, nada disso ocorreu.
Grupo econômico quer a floresta no chão
Dois fortes motivos atraem empresas do Centro e do Sul do País em direção ao Pará: o baixo preço da terra e a vantajosa propaganda em torno da soja. Para a CPT, essa corrida causou uma série de conflitos, tornando recorrentes os casos de grilagem de terras, queimadas e intimidação às lideranças, além de casos comprovados de perseguições e mortes. Na região do Planalto, em Santarém, estão as maiores plantações de soja, por localizarem-se próximas ao porto da multinacional Cargill.
Esta proximidade, intencional, diz o relatório, facilita o escoamento da produção da soja pelo porto. E mais: os impactos da soja na região são tão danosos como em outras áreas, mas com um agravante. No Planalto santareno e em Belterra o cultivo da soja já é realidade há vários anos, o que tem intensificado e provocado disputa pela terra e a expulsão dos pequenos camponeses.
PRODUÇÃO
Em vistoria recente, a CPT constatou grandes áreas de soja sendo plantadas. Em Santarém e em Belterra, a soja teve sua maior produção em 2005, com ligeira diminuição em 2007. Em 2008, a produção retoma seu crescimento. Levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que, até abril deste ano, a produção de soja era de 46.575 toneladas em Santarém e de 27 mil toneladas em Belterra. (C. M.)
[EcoDebae, 23/09/2008]
Isso tudo é balela!
1- A cultura da Soja é cara, e 99% necessitam de financiamento para produzir, que não é concedido para quem não tenha licença ambiental e documento da terra!
2- enquanto que o governo não organizar a estrutura fundiária do país e arrumar as documentações das terras, o problema dos desmatamentos ilegais vão continuar, pois o primeiro item exigido para a documentação da terra é a posse com benfeitorias, e autorização para desmatamento para realização das benfeitorias em área de posse não existe!! Ou seja, os diversos órgãos que cuidam das questões da terra não se entendem, pois, a legislação é conflitante!!! Enquanto não resolver isso nada vai mudar!!!
E a soja não é o vilão da historia e sim o próprio governo!!!!