Levará anos para reverter dano à camada de ozônio
O buraco na camada de ozônio, em gráfico que reflete a situação de 14 de setembro. Imagem: Nasa
Cientistas e especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) alertam que o mundo precisará de mais meio século para que o buraco da camada de ozônio desapareça. A Organização Mundial de Meteorologia anunciou ontem que o buraco sobre a Antártida é maior do que o registrado em 2007. Por Jamil Chade, no O Estado de S.Paulo, 17/09/2008.
Os cientistas não acreditam que o tamanho do buraco atinja os níveis de 2006, quando os registros apontaram uma área recorde. Mas, mesmo assim, a avaliação é de que a redução do buraco pode ser mais difícil do que se esperava.
“Depois de décadas de ataques químicos, possivelmente serão necessários outros 50 anos para que possamos recuperar a camada de ozônio”, afirmou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. O anúncio foi feito ontem, dia Mundial da Preservação da Camada de Ozônio.
Em 1987, a comunidade internacional chegou a um acordo na negociação do Protocolo de Montreal, que estabelece a eliminação de 95% do uso de gases CFC (clorofluorcarbonos), usados na refrigeração.
Sem um acordo, o buraco na camada teria dobrado de tamanho até 2050, assim como a quantidade de radiação ultravioleta capaz de alcançar a superfície terrestre.
De acordo com a entidade, o buraco expandiu-se de forma inesperada nas últimas semanas e o ponto máximo deve ser alcançado entre final de setembro e início de outubro.
No dia 13 de setembro, o buraco media 27 milhões de quilômetros quadrados, enquanto em 2007 a área não chegava aos 25 milhões de km2. Em 2006, o buraco sobre o Pólo Sul alcançou um recorde diante de um inverno especialmente frio. No total, a camada foi afetada em 29,5 milhões de km2.
“Nas latitudes médias, onde vive a maior parte da população mundial, não devemos ter uma situação de maior risco. Mas nas zonas polares a situação será diferente”, afirmou o cientista das Nações Unidas Geir Braathen. Uma das conseqüências pode ser a maior incidência de câncer de pele em populações expostas ao sol nessas regiões.
A preocupação com a saúde foi a força principal que levou à formação do protocolo. Porém, o buraco traz outras implicações. Hoje, há uma clareza sobre a relação direta entre o buraco na camada de ozônio e as mudanças climáticas. Segundo Braathen, o buraco favorece o aumento das temperaturas na superfície do globo.
[EcoDebate, 18/09/2008]