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Camada de gelo no Oceano Ártico atinge o 2o menor nível da história


A camada de gelo no Oceano Ártico, em 12/9/2008, era de 4,52 milhões de Km2. A linha laranja indica a área coberta por gelo de 1979 até 2000 no mesmo dia. A cruz em preto indica o Polo Norte geográfico. Credito do National Snow and Ice Data Center

WASHINGTON – O gelo do Ártico chegou neste verão (no hemisfério norte) à sua segunda menor extensão, superando ligeiramente o tamanho de 2007, mas ainda apontando para uma tendência de queda associada ao aquecimento global, disseram cientistas dos Estados Unidos na terça-feira. Por Deborah Zabarenko, da Agência Reuters.

A menor extensão do ano foi registrada em 12 de setembro — 4,52 milhões de quilômetros quadrados, segundo o Centro Nacional de Dados da Neve e do Gelo. Desde aquele dia, recomeçou o ciclo de resfriamento da região.

A cifra deste ano é 33 por cento inferior à cobertura média de gelo no verão do Ártico desde o início das medições por satélite, em 1979, e menos de 10 por cento acima do recorde do ano passado, disse Walt Meier, cientista ligado ao instituto.

Um canal na Passagem Noroeste — uma mítica rota marítima entre Europa e Ásia — se abriu em 2007 e em 2008. Neste ano, além disso, houve uma abertura na Rota do Mar Setentrional, que percorre o oceano Ártico junto à costa siberiana.

Os cientistas disseram que em agosto houve um degelo substancial no mar de Chukchi, na costa do Alasca, e no Mar da Sibéria Oriental, na costa leste da Rússia, onde há uma das maiores populações mundiais de ursos polares.

Com o degelo, os ursos perdem as plataformas de gelo flutuantes que usam para caçar, e têm de nadar distâncias maiores, tornando-os mais suscetíveis a afogamento por fadiga.

O degelo dos pólos é ainda mais preocupante do que no resto do mundo porque, sem a camada branca que reflete a luz, o mar absorve mais radiação solar, aumentando o aquecimento e afetando os padrões globais de correntes marinhas e de vento.

Embora o recorde de 2007 não tenha se repetido, o degelo de 2008 foi notável por ocorrer num ano relativamente frio, segundo Meier, ao contrário do ano passado, quando havia condições mais propícias ao derretimento (por causa do vento, por exemplo).

“Em termos de clima a longo prazo, [o resultado deste ano] não é uma recuperação de jeito nenhum. A tendência de longo prazo ainda é de acentuado declínio, e ficando mais acentuado”, explicou.

Cientistas dizem que a maior parte do aquecimento global é provocada por emissões humanas de gases do efeito estufa. Os últimos sete anos estiveram entre os sete mais expressivos em termos de encolhimento do gelo do Ártico, segundo o cientista.

“Esta é uma real indicação de que não se trata de um tipo de ciclo climático temporário. É mais um indicativo de que estamos rumando para o ponto em que teremos aquele gelo marinho completamente descongelado nas próximas décadas ou talvez antes.”

Imagens e gráficos do gelo do Ártico estão disponíveis no site http://nsidc.org/arcticseaicenews.

Matéria da Agência Reuters, no Estadao.com.br, terça-feira, 16 de setembro de 2008, 20:24

[EcoDebate, 17/09/2008]