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Nos EUA, planos de expansão da energia renovável estão sendo derrubados pelas limitações da transmissão


Imagem parcial da fazenda eólica de Maple Ridge, em Tug Hill, NY

Quando os construtores da fazenda eólica de Maple Ridge gastaram US$ 320 milhões para instalar quase 200 turbinas eólicas na parte setentrional do Estado de Nova York, a idéia era ganhar dinheiro para gerar energia. Mas, às vezes, as linhas regionais de eletricidade ficam tão congestionadas que Maple Ridge é obrigada a desativar as turbinas, mesmo quando sopra um vento vigoroso. Por Matthew L. Wald*, do The New York Times [Wind Energy Bumps Into Power Grid’s Limits]

Trata-se do sintoma de um problema de amplitude nacional nos Estados Unidos. Os sonhos de expansão com a energia renovável, como a esperança de Al Gore de substituir todo o consumo de combustíveis fósseis no período de uma década, estão esbarrando na realidade de uma rede elétrica incapaz de lidar com a nova demanda.

O segredo sujo da energia limpa é a dificuldade em levá-la ao mercado, apesar da facilidade cada vez maior em gerá-la. Atualmente, a rede elétrica americana é um sistema concebido há 100 anos para permitir que as estações garantissem a estabilidade umas das outras, reduzindo o número de blecautes e compartilhando a energia nas regiões menores. Assemelha-se a uma rede de ruas, avenidas e estradas interioranas.

“Precisamos de um sistema de transmissão interestadual nos moldes de uma via expressa”, disse Suedeen G. Kelly, membro da Comissão Federal de Regulamentação Energética.

Embora os Estados Unidos obtenham hoje menos de 1% da sua eletricidade com as turbinas eólicas, muitos especialistas acham que esse valor poderia chegar aos 20%.

Para chegar a esse ponto, porém, seria necessário transmitir grandes quantidades de energia ao longo de vastas distâncias, desde as planícies pouco povoadas e fartas de vento do interior do país até as costas, onde a população é maior. Os construtores consideram também a instalação de imensas estações de energia solar nos desertos americanos, medida que enfrentaria os mesmos problemas de transmissão.


Linha de transmissão de Maple Ridge

Mas as limitações da rede elétrica do país já estão estragando estes planos. Gabriel Alonso, chefe de desenvolvimento da Horizon Wind Energy, a empresa que administra Maple Ridge, disse que em partes do Estado de Wyoming uma turbina seria capaz de produzir 50% mais energia do que um modelo idêntico instalado em Nova York ou no Texas. “Os locais que recebem mais vento não foram explorados, porque não há maneira de transmitir a energia desde o local de sua geração até os grandes centros de consumo”, disse ele.

O grande problema é a capacidade de muitas das linhas de transmissão e das conexões entre elas, insuficientes para transportar a quantidade de energia que as empresas gostariam de enviar. A dificuldade é especialmente grande em se tratando de longas distâncias, mas há ocasiões em que o limite fica evidente mesmo numa transmissão de curta distância.

As linhas que levam a energia para longe da fazenda de Maple Ridge já ficaram tão congestionadas em certas ocasiões que a única escolha da empresa foi desligar as turbinas – ou pagar taxas pelo privilégio de continuar a transmitir energia pela rede elétrica saturada.

Congresso

Os políticos em Washington há muito sabem das limitações da rede, mas pouco progrediram na solução do problema. Relutam em atropelar as prerrogativas dos governos estaduais, que tradicionalmente exercem autoridade sobre a rede elétrica e recebem pouco incentivo para implementar melhorias capazes de beneficiar os Estados vizinhos.

“Se o objetivo é implementar projetos como esse em escala nacional, onde as distâncias das linhas de transmissão são muito maiores, e a regulamentação de serviços é diferente, é necessária a ação do Congresso”, disse T. Boone Pickens, empresário do setor do petróleo.

* Com informações complementares de Henrique Cortez, do EcoDebate.

[EcoDebate, 11/09/2008]