Leonardo Boff critica privatização de águas no Chile
Fundador da Teologia da Libertação insistiu na importância da água como ‘um bem público, vital e natural’
SANTIAGO DO CHILE – Um dos fundadores da Teologia da Libertação, o ex-sacerdote, teólogo e ambientalista brasileiro Leonardo Boff, criticou nesta sexta-feira, 29, em Santiago a política de privatização de águas existente no Chile. Da Agência EFE.
“Li sobre a legislação sobre águas, fiquei escandalizado. Existe neste país um impulso de privatização muito forte, principalmente no problema da água”, disse Boff, durante uma entrevista coletiva em Santiago.
O teólogo insistiu na importância da água como “um bem público, vital e natural que não deve se transformar em mercadoria, porque seria transformar a vida em mercadoria”, sustentou.
“A água exige uma gestão universal para que milhões de pessoas não morram”, ressaltou Boff.
O teólogo brasileiro louvou o trabalho do bispo de Aysén, Luis Infanti de la Mora, autor da carta pastoral de água e meio ambiente “Dá-nos hoje a água da cada dia”, que foi apresentada no dia 26 de agosto.
Esta “cruzada verde”, impulsionada por Infanti recebeu o apoio de vários sacerdotes, religiosos e ambientalistas, entre os quais se destaca Boff.
O ex-sacerdote destacou que o documento será de utilidade para a sociedade chilena e, em geral, para as igrejas latino-americanas.
Boff, que esta semana percorreu parte do sul do país, disse que o Estado chileno não tem uma política energética muito definida “o que permite que grandes empresas venham e façam seus negócios à margem das políticas nacionais”.
O ex-franciscano disse que atuar com consciência no tema meio ambiente, “pode impedir projetos que são de grandes iniciativas nacionais e internacionais, cuja preocupação principal não é tanto o equilíbrio ecológico, mas sim obter lucro e mais lucro”.
(matéria da Agência EFE, publicada no Estadao.com.br, sexta-feira, 29 de agosto de 2008, 21:13)
[EcoDebate, 01/09/2008]