Espanha: Incêndio interrompe funcionamento da central nuclear de Vandellós II
Foto do incêndio na central nuclear de Vandellós II. Imagem da Agência EFE.
O gerador elétrico da central nuclear de Vandellós II, na província de Tarragona (Catalunha, nordeste do país), pegou fogo durante duas horas neste domingo pela manhã, provocando a paralisação das atividades, informou o Conselho espanhol de Segurança Nuclear (CSN). Por Henrique Cortez, do EcoDebate, com informações das Agências EFE e AFP.
O gerador transforma em eletricidade a energia gerada pelo reator nuclear, razão pela qual o reator entrou, automaticamente, em modo de segurança, interrompendo a sua operação.
O incêndio foi declarado às 08H49 (06H49 GMT) e “às 10H30 o fogo foi completamente apagado pela brigada de bombeiros da central”, informou o CSN em um comunicado à imprensa.
Os sistemas de segurança funcionaram conforme o previsto, acrescentou o CSN, segundo o qual, a usina está “parada e estável” e o incidente “não teve impacto algum sobre os trabalhadores ou o meio ambiente”.
As organizações Greenpeace e Ecologistas em Ação pediram, em um comunicado, a suspensão da autorização para a associação nuclear de Ascó-Vandellós (ANAV) de operar as centrais (Ascó-1, Ascó-2 e Vandellós-2) e paralisar seu funcionamento, diante do acúmulo de acidentes que registra e a irresponsabilidade na gestão dos mesmos.
O prefeito de Vandellòs, Josep Castellnou, minimizou o ocorrido em declarações à Agência Efe e pediu calma em relação ao incidente, que, segundo destacou, quase não foi percebido pela população.
“Aconteceu na parte comum da usina, longe do núcleo do reator, e foi controlado com recursos próprios em dez minutos”, acrescentou.
Castellnou confirmou que a Associação Nuclear Ascó-Vandellòs (Anav) abrirá agora uma investigação interna na usina para esclarecer as causas do incêndio.
A Espanha conta com seis centrais nucleares com seis reatores. A associação Ascó-Vandellós, que engloba duas centrais com três reatores, é administrada pelas companhias de energia Endesa e Iberdrola.
Vandellos II iniciou suas operações em 1980, com tempo de vida útil previsto para até 2010, possuindo o maior histórico de incidentes de todas as centrais nucleares espanholas. Em julho passado ocorreu um vazamento de óleo na bomba que controla as condições qímicas da água que passa pelo reator, disparando o sistema de deteção de incêndios, mas não houve a ocorrência de fogo. Em abril deste ano, a central sofreu um vazamento radioativo de nível 2 (de uma escala até 7), obrigando a evacuação da população do entorno.
Em maio de 2007, o CSN solicitou explicações formais à direção da central, tendo em vista que sua média de incidentes era o triplo da média nacional espanhola. Ainda em 2007 a central esteve inativa por quatro meses, em razão de uma avaria grave no sistema de refrigeração do reator.
Em 2006, a central nuclear foi punida com uma multa de 1,6 milhão de euros, devido a deficiências na comunicação, monitoração e reparação de corrosão nos tubos que transportam a água do mar para a unidade de resfriamento do reator.
O incidente aconteceu menos de uma semana após o governo decidir multar outra central nuclear, Ascó I, localizada no noroeste da catalunha, em razão de vazamento radioativo ano passado. A central de Ascó I também é administrada pelas companhias de energia Endesa e Iberdrola.
[EcoDebate, 25/08/2008]