Inquisição no Pará: grupo Maiorana mantém sanha contra movimentos sociais, artigo de Rogério Almeida
[Ecodebate] Será que os editoriais e as matérias marcadas pela parcialidade em questões que envolvem movimentos sociais e grandes corporações no Pará, publicados pelos jornais das Organizações Rômulo Maiorana (ORM), o Liberal e o Amazônia já enchem uma enciclopédia? Caso seja editada, será ótima peça da parcialidade jornalística.
O editorial da edição de 32.214 do jornal Liberal, do dia 22 de agosto de 2008, outrora o maior do Norte e Nordeste, flagrado pelo Instituto de Verificação de Circulação (IVC), por super-dimensionar a tiragem, mas parece uma peça da Santa Inquisição. Intitulado “Pecadores e criminosos” tem como alvo o MST e o segmento da Igreja Católico a ele simpático.
O editorial exibe as vísceras pittbulescas do grupo ORM contra os segmentos populares que desde ontem insiste em desqualificar e lançar acusações sem provas de uma suposta ocupação dos trilhos da Ferrovia de Carajás. Em matéria que não cumpriu o princípio basilar de ouvir as partes envolvidas, os jornais dos Maiorana acusa a Igreja Católica de organizar ações contra a Vale.
A inspiração do editorial parte de uma evidência de uma dita fonte que espionou a reunião publicizada através de release de um conjunto de organizações dos movimentos sociais e religiosas mobilizadas no objetivo de aprofundar os conhecimentos sobre os impactos sociais e ambientais em torno da Ferrovia.
O movimento recebeu o nome de “Justiça nos trilhos”, e matem associação com setores das universidades federais do Pará e Maranhão, para a produção de base técnica que possa subsidiar um grande debate durante o Fórum Social Mundial, que tem como Belém como sede, em janeiro de 2009. As informações do coletivo deixam isso claro. E nítido que o objetivo é propor reparos às pessoas e grupos impactados em torno da ferrovia. O coletivo possui site no ar com as informações: www.justicaonostrilhos.org
A sanha em mandar para a fogueira dirigentes dos movimentos sociais e seus simpatizantes do grupo Maiorana na edição de hoje do Liberal se completa com matéria sob a mesma bitola do editorial. E assim o jornal que modestamente se autodenomina de “melhor do Norte e Nordeste”, após ser flagrado com tiragem não condizente com a verdade pelo IVC, do qual rasgou ficha de filiação, mantém seu fôlego contra os movimentos sociais no Pará.
Será uma mera questão de classe, ou apenas o interesse em mais vendas de páginas de propaganda para o grupo Vale? Uma evidência não muito clara diz que mais propaganda vem por aí.
E quem ninguém questione os grandes projetos de feições de enclave. Ora pois, mas que povo é esse que não conhece o seu lugar? Replicam as entrelinhas e alguns jornais na bela Belém do Pará.
Rogério Almeida é colaborador da rede www.forumcarajas.org.br, articulista do IBASE e Ecodebate
[Ecodebate, 23/08/2008]