Oceanos à beira de extinções em massa
Durante uma pesquisa recente, em expedição à Kiritimati, ou Christmas Island, Jeremy Jackson e outros pesquisadores documentaram um recife de coral coberto por algas, com águas escuras e poucos peixes. Os pesquisadores dizem que a poluição, a sobrepesca, o aquecimento das águas, ou a combinação dos três, são culpados. Por Henrique Cortez, do EcoDebate.
As atividades humanas são, cumulativamente, responsáveis pela saúde dos oceanos do mundo, que se degradam em uma rápida espiral ascendente. A dúvida é se as alterações ocorrerão lenta ou rapidamente ou, em última análise, se será possível inverter a catastrófica degradação.
Este é o prognóstico de Jeremy Jackson, professor de oceanografia do Scripps Institution of Oceanography, UC San Diego, em uma nova avaliação dos oceanos e da sua saúde ecológica.
O estudo foi publicado na edição on-line da Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). Jackson acredita que os impactos humanos são a razão de extinções em massa dos oceanos.
Ele cita os efeitos sinérgicos da destruição de habitats, a sobrepesca, aquecimento dos oceanos, aumento da acidificação e da enorme enxurrada de nutrientes, como culpados de uma grande transformação dos ecossistemas oceânicos complexos. Áreas que se caracterizavam por intricadas teias alimentares marinhas, com grandes animais, estão sendo convertidas em ecossistemas biologicamente mais simples, dominados por micróbios e com a proliferação de algas tóxicas.
Jackson, diretor do Scripps Center for Marine Biodiversity and Conservation, já marcou a transformação em curso como “o aumento do lodo.” O novo estudo, “Ecological extinction and evolution in the brave new ocean”, é derivado da apresentação de Jackson, em dezembro passado, em um colóquio sobre extinção da biodiversidade, convocada pela National Academy of Sciences.
“O propósito (da apresentação e do estudo) é tornar claro quanto a situação se degrada rapidamente e de como a situação está piorando, declarou Jackson.
“É muito como a questão das mudanças climáticas que haviam sido ignoradas por tanto tempo. A situação nos oceanos pode piorar, porque estamos tão perto do precipício, em muitos aspectos.”
O novo estudo inclui a sobrepesca, mas se expande para incluir áreas como as ameaças da enxurrada de nutrientes, que causam as chamadas “zonas mortas” de baixo oxigênio. Ele também incorpora o aumento do aquecimento no oceano e a acidificação resultante das emissões de gases estufa.
Jackson descreve que os efeitos destrutivos se potencializam quando os diversos fatores de degradação conjugam forças. Por exemplo, as alterações climáticas podem exacerbar a degradação já iniciada com a sobrepesca e a poluição.
“Todos os tipos diferentes de dados e de métodos de análise apontam na mesma direção, de degradação cada vez mais rápida e drástica dos ecossistemas marinhos”, escreve Jackson no estudo.
Jackson reforça sua análise, construindo um panorama dos ecossistemas marinhos e os seus status de “em perigo”
Os recifes de corais, principal área de estudo de Jackson, são “criticamente ameaçados” e entre os ecossistemas mais ameaçados também estão gravemente ameaçados os estuários e os mares costeiros, ameaçados pela sobrepesca e poluição; plataformas continentais estão “em extinção” devido, entre outras coisas, à redução da biodiversidade; e o ecossistema do oceano aberto é listado como “ameaçado”, principalmente pela sobrepesca.
Para parar a degradação dos oceanos, Jackson identifica a exploração excessiva, a poluição e as alterações climáticas como os três principais “motores” que devem ser abordados. “Os desafios, de manter estas ameaças sob controle, são extremamente complexos e vai exigir mudanças fundamentais nos métodos de pesca, de práticas agrícolas e os modelos energéticos para tudo o que fazemos”, ele escreve.
“Portanto, não é uma imagem feliz e essa é a única forma de lidar com o que está acontecendo, a única forma de manter a sanidade oceânica.
A pesquisa foi apoiado por William E. e Mary B. Ritter Chair do Scripps Institution of Oceanography.
Colloquium Paper: Ecological extinction and evolution in the brave new oceanPNAS 2008 105:11458-11465; published ahead of print August 11, 2008, doi:10.1073/pnas.0802812105
* Jeremy B. C. Jackson
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[EcoDebate] 18/08/2008