Estudo constata que o rápido recuo do gelo ártico ameaça os solos permanentemente congelados (permafrost)
A taxa de aquecimento climático, no norte do Alasca, Canadá, Rússia, poderia ser mais do que o triplo anteriormente estimado, de acordo com um novo estudo do National Center for Atmospheric Research (NCAR) e do National Snow and Ice Data Center (NSIDC). Por Henrique Cortez, do EcoDebate.
Os resultados suscitam preocupações sobre o descongelamento do permafrost, solo permanentemente congelado, e as potenciais consequências para os ecossistemas, para as pessoas e a infra-estrutura, bem como a liberação adicional de gases com efeito de estufa.
“A rápida perda de gelo marítimo pode desencadear mudanças que deverão fazer-se sentir em toda a região”, disse Andrew Slater, do NSIDC, cientista e um dos co-autores do estudo, que foi coordenado por David Lourenço do NCAR. Os resultados serão publicados na revista Geophysical Research Letters.
No verão ártico passado, o gelo do mar ártico apresentou uma leve baixa na média de recuo, mas, de agosto a outubro do ano passado, as temperaturas na parte ocidental do ártico foram excepcionalmente quentes, atingindo mais de 2 graus Celsius acima da média 1978-2006.
Lawrence, Slater, e seus colegas utilizaram um modelo climático para explorar a relação entre o degelo, o aumento das temperaturas e o descongelamento do permafrost. Estudos anteriores, a partir de simulações, avaliaram que os períodos de rápida perda gelo marítimo duram de 5 a 10 anos. O novo estudo indica que, durante esses episódios, o aquecimento seria 3,5 vezes mais rápido do que a média das taxas de aquecimento global previsto pelos modelos climáticos para o século 21.
As conclusões apontam para uma ligação rápida entre o degelo marítimo e e o aquecimento regional, que poderia penetrar em mais de 1300 Km no interior, o que pode levar a um mais rápido degelo do solo, em áreas onde o permafrost já está em risco, tais como na regiões centrais do Alasca.
O descongelamento do permafrost pode ter uma gama de impactos, incluindo danos em rodovias e desestabilização de construções, assim como mudanças no delicado equilíbrio da vida no Ártico.
Além disso, os cientistas calculam que os solos congelados do ártico solos podem conter, pelo menos 30 por cento de todo o carbono armazenado nos solos em todo o mundo, o que poderá agravar, ainda mais, os riscos catastróficos do aquecimento global.
[EcoDebate, 12/08/2008]