Novo vazamento radioativo em usina nuclear francesa
Um vazamento de água radioativa escapou de uma tubulação subterrânea, em uma central nuclear no sudoeste da França, de acordo com informações da autoridade de segurança nuclear nacional, na sexta-feira, 18/07. Este é o segundo vazamento em uma usina francesa em menos de um mês. Por Henrique Cortez, do EcoDebate, com Agências.
A autoridade de segurança nuclear disse que os peritos estavam tentando determinar quanto vazou de urânio e quais os danos potenciais. A usina é controlada pela companhia Areva de eletricidade, que também controla a central nuclear de Tricastin, nas vizinhanças de Aviñón, no sudeste da França, onde ocorreu um vazamento de 30 metros cúbicos, na noite de 7 para 8/7 que atingiram o solo e um rio nas proximidades, obrigando as autoridades a exigirem a revisão da segurança operacional de todas as usinas francesas.
O porta-voz da Areva, Charles Hufnagel, disse que o vazamento de urânio levemente enriquecido não se espalhou para fora da área da usina, em Romans-sur-Isère, na região do Drôme e não teve “absolutamente nenhum impacto no ambiente.” Disse, ainda, que o problema estaria classificado como o nível 1, o menor de sete possíveis.
A Areva, empresa controlada pelo governo francês, está no pelotão da frente do esforço do presidente Nicolas Sarkozy para vender tecnologia de energia nuclear francesa, as chamadas centrais nucleares de terceira geração, aos países em desenvolvimento. No momento, as duas primeiras usinas com esta tecnologia estão em contrução na França e na Finlândia, onde já sofreram vários atrasos de construção em razão de problemas nos projetos.
Entre todos os países, a França é o mais dependente da energia nuclear, com 59 reatores que produzem quase 80 por cento de sua eletricidade. A autoridade de segurança nuclear disse que a tubulação poderia ter rompido há anos e adicionou que a tubulação “não era na linha de máximas exigências aplicáveis, que exigem a capacidade de resistência de choque suficiente para evitar a ruptura.”
A notícia do vazamento veio apenas um dia depois que o governo requisitou testes em todas as centrais energéticas nucleares francesas, na seqüência da divulgação da Areva que líquido contaminado com urânio não enriquecido tinha sido liberado acidentalmente em um outro local, em Tricastin. Areva disse que o problema “não afetou a saúde dos empregados e populações locais, ou seu ambiente.”
A autoridade de segurança nuclear criticou Areva pela maneira que gerenciou o vazamento em Tricastin, atrasando comunicação do problema e efetuou medidas de segurança insatisfatórias no local. O Instituto de Radioproteção e Segurança Nuclear (IRSN), em relação ao acidente em Tricastin, assegurou que os 74 kg de urânio se dissolveram em várias correntes de água e desapareceram rapidamente.
As medições do IRSN identificaram uma significativa contaminação radioativa no lençol freático da área da central nuclear de Tricastin. Agora se sabe que 770 tonenadas de resíduos nucleares, procedentes da fabricação das primeiras bombas nucleares francesas na década de 50, não foram destruídos ou reciclados, mas apenas enterrados.
Em razão deste novo acidente, a Agência de Segurança Nuclear (ASN) fará uma inspeção ainda mais rigorosa em 19 centrais nucleares , especialmente para avaliação de contaminação do solo e das águas subterrâneas.
[EcoDebate, 21/07/2008]
Notícias como essa deveriam estar nas televisões do mundo inteiro, a cada cinco minutos!
É preciso divulgar para a sociedade quais são os custos ambientais decorrentes (presentes e futuros) desse acidente e somar ao que é cobrado pela energia.
Só aí, então, teremos o verdadeiro valor do MWh.