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Bióloga propõe mudança de hábitat para salvar espécies

Chamada de migração ou colonização assistida, a idéia é levar espécies para hábitats onde sobrevivam melhor

WASHINGTON – Com a mudança climática ameaçando cada vez mais espécies de animais e plantas, cientistas dizem que poderá ser necessário transferir algumas variedades, para salvá-las. Chamada de migração ou colonização assistida, a idéia é decidir a severidade das ameaças enfrentadas por diversas espécies, e se elas precisam de socorro. Das Agências AP e EFE, no Estadao.com.br, quinta-feira, 17 de julho de 2008, 18:02.

“Quando mencionei a idéia pela primeira vez, há cerca de dez anos em reuniões de conservação ambiental, a maioria do pessoal ficou horrorizado”, disse Camille Parmesan, professora de Biologia da Universidade do Texas.

“Mas agora, com a realidade do aquecimento global e as espécies já ameaçadas ou a caminho da extinção por causa da mudança climática, estou vendo uma disposição na comunidade de conservação para, ao menos, falar sobre a possibilidade de ajudar uma espécie, levando-a para outro lugar”, disse ela. Camille apresenta detalhes da idéia na edição desta semana da revista Science.

Trata-se de uma proposta que deixa os biólogos especializados em conservação nervosos.

Há inúmeros riscos no deslocamento de plantas e animais para novos ambientes. Eles podem não sobreviver, ou podem se tornar invasivos, reproduzindo-se descontroladamente na ausência de predadores e expulsando as formas de vida nativas.

Além disso, não é possível realocar todas as espécies que podem vira precisar, então como decidir quem se muda e quem fica para trás para desaparecer?

A bióloga Terry Root, da Universidade Stanford, vem tentando convencer os colegas a criar um plano de “triagem” para definir quem deve ser salvo do aquecimento global e quem não tem chance. Depois de receber queixas quanto ao uso do termo “triagem”, ela decidiu optar por “priorização”.

“Temos de trabalhar nas que temos alguma chance de salvar”, disse.

Algumas espécies terão de ser dadas como perdidas, sugere ela, como as espécies ameaçadas das Ilhas Sky do Arizona e Novo México, porque “não têm para onde ir”.

Na hora de decidir quais espécies salvar e quais ver morrer, Root disse que a chave são as particularidades. Por isso ela disse que salvaria o esquisito Tuatara da Nova Zelândia ao invés do pardal comum.

O risco de extinção deve ser balanceado com o potencial de causar dados à comunidade onde as espécies seriam realocadas, diz Camille.

Ela explica esse perigo com um exemplo: “ajudar na migração de recifes de coral seria aceitável. Mas transplantar ursos polares à Antártida, onde provavelmente causariam a extinção dos pingüins, seria inaceitável”.

Por outro lado, Chris Thomas, do Departamento de Biologia da Universidade de York, no Reino Unido, manifesta que nos últimos anos a ecologia teve grandes avanços e agora se sabe que a mudança de espécies dentro de uma mesma região geral, entre França e Reino Unido, por exemplo, não causa graves problemas biológicos.

“Está cada vez mais próximo o momento em que necessitaremos identificar espécies que necessitam de proteção, tanto do ponto de vista europeu como global e começar a tomar medidas”, disse o biólogo.

[EcoDebate, 17/07/2008]