Guiné-Bissau anuncia plano para frear desmatamento indiscriminado
O governo da Guiné-Bissau anunciou medidas para evitar que madeireiros estrangeiros derrubem indiscriminadamente árvores em Tombali, no sul do país, após denúncias de uma associação local, situação que já levou à detenção de seis pessoas, três delas chinesas.
Segundo Bubacar Djassi, da Associação de Filhos da região de Tombali, os madeireiros chineses estão derrubando árvores, principalmente “pau-de-sangue”, cujo nome científico é Pterocarpus erinaceus, em vastas zonas das densas florestas, algumas consideradas habitats naturais de várias espécies de animais. Da Agência Lusa.
“É triste o que os chineses estão a fazer às nossas florestas, derrubando árvores de grande porte, sobretudo o ‘pau-de-sangue’, sem que ninguém das autoridades faça alguma coisa para os obrigar a parar”, disse Bubacar Djassi, afirmando que a população está revoltada e que admite “tomar medidas contra os chineses”.
“Por exemplo, para derrubar uma árvore, os chineses são capazes de desmatar uma vasta área de cultivo ou de repouso dos animais. São centenas de hectares desmatados pelos chineses”, afirmou Bubacar Djassi.
Questionado pela Agência Lusa sobre a denúncia do representante da população do sul do país, o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, que tutela a floresta, Daniel Suleimane Embaló, afirmou que a preocupação da Associação de Filhos da região de Tombali “é legitima” e que o governo já mandou parar com o abate de árvores de grande porte em todo o território nacional até o dia 1° de outubro.
“Quem não respeitar essa ordem será severamente punido”, defendeu Suleimane Embaló.
Suleimane Embaló ressalvou que três madeireiros chineses foram detidos pelas autoridades da região de Mansabá, no norte da Guiné-Bissau, por terem desrespeitado a ordem de suspensão de abate de árvores.
Além dos madeireiros chineses detidos em Mansabá, foram também detidos três cidadãos da Serra-Leoa, que, segundo o governante guineense, deverão ser expulsos da Guiné-Bissau.
Em relação aos chineses capturados em Mansabá, Suleimane Embaló explicou que o caso será tratado ao nível diplomático, frisando que a sua presença no país ocorre no âmbito empresarial, o que não coloca em causa as relações políticas entre os dois países, notou.
Sobre o fato de a população do sul acusar diretamente os madeireiros chineses, o ministro disse que juridicamente o governo não tem contrato com eles, só com madeireiros nacionais que, por sua vez, sub-alugam a sua licença de abate de árvores aos chineses.
“A licença de abate de árvores é concedida aos nacionais, mas ao que parece sub-alugam a mesma licença aos madeireiros chineses, com os quais, juridicamente, não temos nenhum contrato de exploração da nossa floresta”, disse o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, destacando que qualquer sanção a ser aplicada será aos empresários nacionais.
[EcoDebate, 17/07/2008]