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G-8: Faltaram propostas concretas contra o aquecimento global, a alta da inflação e a crise de alimentos e de energia

G-8 acrescenta pouco ao debate – Sem propostas efetivas para abrandar o aquecimento global, evitar uma escalada inflacionária e uma crise sem precedentes na área de alimentos e energia, a reunião de cúpula das sete maiores economias e da Rússia, o G-8, terminou ontem (9/7) com um superávit de atropelos e contradições e com um estoque de documentos que muito pouco acrescentou aos debates sobre desafios atuais. Denise Chrispim Marin e Deise Vieira, do O Estado de S.Paulo, 10/07/2008.

A pior gafe partiu da Casa Branca, que descreveu o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, como líder “controverso” e “amador em política” numa biografia sucinta distribuída aos jornalistas que acompanharam a viagem do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Alarmados pela reação do governo italiano, na terça-feira (8/7), os EUA pediram desculpas, por meio de comunicado oficial.

No auge do verão, o encontro deste ano reuniu 22 chefes de Estado, incluindo os convidados, numa estação de esqui às margens do lago Toya, na ilha de Hokkaido, a mais meridional do Japão. O local atendeu à obsessão do G-8 – grupo composto por Japão, EUA, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Rússia – por segurança e distância das manifestações de organizações não-governamentais e da imprensa mundial.

Os protestos ficaram restritos a cidades a mais de 100 quilômetros da estação de esqui, protegida por 20 mil policiais. Os jornalistas, por sua vez, foram “acolhidos” em um prédio ecologicamente correto – a 40 quilômetros do hotel onde ocorreram as reuniões, percorridos em ônibus reservados.

Cuidadosamente, o governo japonês tudo fez para evitar o contato da imprensa com as delegações e, mais ainda, com os chefes de Estado. Ontem, para acompanhar os encontros bilaterais, jornalistas acabaram confinados numa tenda branca ao lado do resort. A imprensa apenas se aproximou dos líderes em raros momentos, depois de escoltada pelos subterrâneos do hotel.

No momento da foto oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu o ritual já conhecido de deixar os colegas à espera. Mas foi recebido com um gesto simpático do presidente francês, Nicolas Sarkozy.

Debaixo de chuva, o encontro do G-8 foi aberto na noite de segunda-feira (7/7) com fogos de artifício, danças tradicionais e chefes de Estado abrigados por guarda-chuvas.

Logo depois, os líderes do G-8 tiraram os sapatos e se sentaram em tatames para serem servidos com carne de cordeiro e caranguejo, champanhe francês, saquê, caviar e salmão defumado, enquanto discutiam os impactos da alta dos preços dos alimentos e do petróleo na cesta básica das famílias que vivem nos países mais pobres.

No dia seguinte, no jardim da estação de esqui, os líderes do G-8 foram convidados a plantar três árvores e, desajeitados, expuseram a falta de habilidade com as pás. Horas antes, seus negociadores haviam concluído que o G-8 não adotaria, neste momento, a meta de corte de 50% nas emissões de gases do efeito estufa até 2050.

Secretário da ONU

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, elogiou o comunicado final do G-8 (grupo dos sete países mais ricos do mundo e a Rússia) sobre mudança climática. Contudo, ele ressaltou a necessidade de uma ação mais rápida de agora em diante, segundo reportagem do jornal Press Trust of India.

“A discussão oferece uma direção inicial para os esforços globais que devem ser acelerados nas próximas semanas e meses”, disse Ban em um comunicado divulgado na conclusão do encontro dos líderes do G-8 no Japão.

Segundo o jornal indiano, ele saudou o comunicado no que diz respeito a meio ambiente e mudança climática, incluindo a meta de reduzir as emissões de gases poluentes em 50% até 2050, como “um evidente passo adiante”. Ao mesmo tempo, destacou a necessidade de ir além.

“Até o ano que vem em Copenhague, precisamos chegar a um acordo sobre metas ambiciosas de redução de emissões no médio prazo para países desenvolvidos, junto com esforços significativos dos países em desenvolvimento para diminuir o aumento de suas emissões. Isso tudo para que haja consistência com os princípios de responsabilidades comuns, mas diferenciadas.” As informações são da Dow Jones.