Contra a crise, fazenda vertical
Investidores já estão de olho na idéia de um professor americano – Quando Dickson Despommier imaginou suas fazendas verticais oito anos atrás, a maioria das pessoas achava que ele era doido. Agora, com a inflação de alimentos causando revoltas no mundo todo e o barril de petróleo próximo dos US$ 140, sua idéia parece bem mais realista. Do O Estado de S.Paulo, 22/06/2008.
Tanto que investidores das cidades de Abu Dabi, nos Emirados Árabes, Las Vegas, nos Estados Unidos, Seul, na Coréia e Xangai, na China, já estão estudando custos e a viabilidade das fazendas verticais.
Dickson Despommier, professor de Saúde Pública e Ciências Ambientais na Universidade Columbia, projeta fazendas de 30 andares, hidropônicas, onde vegetais, frutas e legumes são cultivados bem no meio dos centros urbanos. Vacas, porcos e galinhas também são criados dentro desses prédios agrícolas envidraçados. As fazendas verticais usam energia solar, reciclam toda sua água e transformam excrementos em combustível. “Elimina-se o custo do frete e a emissão de poluentes causada pelo transporte de alimentos ao redor do país”, disse Despommier ao Estado.
Para Despommier, as fazendas verticais ganharam urgência por causa da crise atual de alimentos e combustíveis. “A maioria dos nossos alimentos vem de locais muito distantes de onde vivemos, e o preço da comida é alto por causa dos custos de produção e de transporte”, afirma. “O custo de produção vem subindo porque há cada vez menos terra disponível para plantar alimentos, uma vez que os biocombustíveis estão competindo por essas áreas.”
Despommier lembra que o transporte está cada vez mais caro por causa da alta do petróleo. Isso sem falar dos custos ambientais (emissão de gás carbônico) de transportar alimentos por longas distâncias.
E em um país como o Brasil, onde terra é o que não falta? “Em todos os países, pode-se preservar mais terras quando se usam as fazendas verticais”, defende Despommier. No Brasil, acredita, elas reduziriam a pressão da agricultura e pastagem, que provocam o desmatamento da Amazônia.
Outra vantagem das fazendas verticais é permitir cultivos o ano todo, não ficar sujeito a desastres climáticos, produzir apenas alimentos orgânicos e transformar áreas urbanas abandonadas em centros de produção de comida.
As fazendas verticais ainda não saíram do papel, mas já entraram no radar dos investidores. “Estamos falando com investidores privados, mas provavelmente os projetos serão parcerias público-privadas”, diz o professor. “Eles estão avaliando lucratividade e viabilidade.”
Esta é uma brilhante ideia