Águas Turvas: novo livro expõe os infindáveis problemas socioambientais do Complexo do Rio Madeira
Evento de lançamento será no dia 25/06, em Porto Velho. Mesa redonda com especialistas e afetados debaterá suas conclusões
As mega-hidrelétricas planejadas para o rio Madeira, Santo Antônio e Jirau, foram alçadas pelo governo como única solução para conter o racionamento de energia a partir de 2012. Principais projetos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), o processo de licenciamento das usinas foi vítima de um rolo compressor, passando por cima da opinião de técnicos e especialistas, inclusive do próprio governo, em nome da prioridade ao crescimento da oferta energética a qualquer custo.
O livro “Águas Turvas: alertas sobre as conseqüências de barrar o maior afluente do Amazonas” expõe as contradições do Complexo Hidrelétrico e Hidroviário do Rio Madeira e perguntas ainda não respondidas com relação à sua viabilidade socioambiental, em meio à expectativa dos empreendedores de receberem a permissão para iniciar as obras ainda em julho deste ano. Os artigos que compõem Águas Turvas pretendem servir de instrumento para aqueles que buscam compreender melhor o histórico do projeto e suas implicações para a região Amazônica.
Mesa Redonda
O evento de lançamento, organizado por Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, acontecerá em Porto Velho (RO), no dia 25 de junho, no Hotel Vila Rica. Com apresentação de Glenn Switkes, diretor para América Latina da ONG International Rivers e organizador do livro, contará também com uma mesa redonda de especialistas e afetados pela construção do empreendimento.
Zuleica Castilhos exporá os riscos para a população da região com o aumento da concentração de mercúrio nos peixes do Madeira, que são a base de sua alimentação. Autora de um dos capítulos de Águas Turvas, Castilhos é doutora em Geociências (Geoquímica) e pesquisadora do Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) do Ministério de Ciência e Tecnologia.
Já Carolina Diniz, advogada de Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, discutirá as ilegalidades do processo de licenciamento ambiental e o que está sendo feito em termos jurídicos para garantir os direitos das populações afetadas e a proteção ao meio ambiente. A entidade entrou com duas Ações Civis Públicas e aguarda o trâmite dos processos na Justiça Federal de Rondônia. Neste mês, a Justiça Federal do Maranhão paralisou as obras da usina de Estreito, na divisa do Tocantins com o Maranhão, cujos problemas de licenciamento eram muito semelhantes aos do Madeira.
Por sua vez, o representante da Comunidade Ribeirinha São Domingos, José Riqueta, denunciará a pressão que vem recebendo do consórcio Madeira Energia S.A. para deixarem seus lotes, mesmo antes da empresa receber a licença de instalação do empreendimento. São Domingos fica no local de construção do canteiro de obras da usina de Santo Antônio. Além de Riqueta, representantes de grupos indígenas afetados também colocarão suas opiniões.
Para mais informações sobre o evento, acesse www.amazonia.org.br/agenda
Livro
A iniciativa de publicação do livro é da ONG Centro de Informação Bancária (BIC), como parte de uma série de estudos do seu programa BICECA (sigla em inglês de Construindo Incidência Cívica Informada para a Conservação da Amazônia Andina). O apoio financeiro para a publicação foi proporcionado pela Fundação Gordon e Betty Moore, Fuundação Kendeda, Fundo Blue Moon e Fundação Ford.
International Rivers coordenou a elaboração dos estudos de caso. Os artigos foram escritos por especialistas de renomadas instituições brasileiras e estrangeiras, tais como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Universidade Yale (EUA), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Mayor de San Andrés (Bolívia), entre outros.
O livro será distribuído gratuitamente no evento e posteriormente disponibilizado em versão digital na internet.
Do Amigos da Terra – Amazônia Brasileira
Nota enviada por Telma D. Monteiro, da ATLA – Associação Terra Laranjeiras, Juquitiba – SP
http://telmadmonteiro.blogspot.com/