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FAO alerta para subsídios aos biocombustíveis

Para entidade, benefícios ajudam a pressionar os preços dos alimentos

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) pediu ontem uma reavaliação das políticas de expansão do etanol e alertou que os bilionários subsídios dados pelos países ricos ao biocombustível estão contribuindo para a alta nos preços dos alimentos em todo o mundo. Por Jamil Chade, do O Estado de S. Paulo, 29/05/2008.

O alerta faz parte de um documento que será usado como base para sua cúpula na próxima semana, que definirá uma estratégia para que a crise dos alimentos possa ser superada. O evento contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que insistirá em que o etanol brasileiro não pode ser culpado pela crise.

A entidade chamou a atenção para a tendência de os países ricos elevarem o volume de subsídios para garantir a competitividade de seu setor de biocombustíveis. A FAO ainda alertou que existe o risco de que os preços dos alimentos aumentem ainda mais no futuro.

Mas, no documento obtido pelo Estado, a FAO deixa claro que a demanda por açúcar, milho, cereais e óleo de palma tem sido um dos “fatores principais por trás da alta nos preços nos mercados internacionais”.

“A produção e políticas de comércio de biocombustíveis devem ser reexaminadas diante dos efeitos possíveis nos mercados internacionais e na segurança alimentar, especialmente nos países vulneráveis”, afirma o texto. “Para que tenham sucesso, as decisões tomadas nessa área precisam acima de tudo levar em conta a segurança alimentar mundial.”.

A FAO admite que existem diferenças entre os biocombustíveis. Segundo a entidade, o etanol de cana no Brasil é bem mais competitivo que os demais. O etanol de milho nos Estados Unidos não teria o mesmo desempenho.

De acordo com os estudos apresentados pela FAO, para que o etanol americano seja competitivo com o barril de petróleo a US$ 100, uma tonelada de milho não poderia custar mais de US$ 4,14. Com subsídios, pode custar até US$ 5,70.

Não por acaso, a FAO destaca que o volume de subsídios dos países ricos chega a US$ 12 bilhões ao etanol para que seja competitivo. Os americanos seriam responsáveis por quase US$ 7 bilhões em ajuda.

O que preocupa a entidade é que tudo leva a crer que o volume de subsídios só aumentará nos próximos anos às usinas. O desempenho seria tão baixo em algumas regiões dos países ricos que governos estariam dando até US$ 1 de subsídios para cada litro de etanol produzido. Esse é o caso da União Européia e da Suíça, que transferem essa renda aos usineiros.