RS: Todos os mecanismos de proteção foram retirados do zoneamento ambiental da silvicultura. Uma entrevista especial com Edi Fonseca
A presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) conversou, brevemente, por e-mail, com a IHU On-Line, e analisou o zoneamento ambiental da silvicultura apresentado a cerca de um mês pelo governo do Rio Grande do Sul. O assunto tem gerado muita repercussão e debates entre os ambientalistas e acadêmicos ligados à questão ambiental. Para Edi, “os projetos oficiais apresentados não estão considerando o valor ambiental do bioma do pampa gaúcho. O Governo está apenas atendendo à pressão econômica imediatista dessas empresas de celulose e, desta forma, não estão resolvendo os problemas enfrentados pela região”.
Sobre este assunto, o sítio do IHU publicou entrevistas com a ambientalista Kathia Vasconcellos, com o doutor em ecologia Paulo Brack, com o professor Althen Teixeira Filho e com os ambientalistas Maria da Conceição Carrion e Flávio Lewgoy.
Confira a entrevista com Edi Fonseca.
IHU On-Line – O que a Agapan pretende fazer agora a partir do lançamento desse novo zoneamento ambiental?
Edi Fonseca – Consideramos que nossa fundamentação legal para impedir a votação no Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA) ainda não foi plenamente julgada. Portanto, estamos esperando a conclusão do nosso pedido ao Juiz para, então, nos pronunciarmos publicamente sobre o caso.
IHU On-Line – Que tipos de ameaças ao nosso meio ambiente esse Zoneamento Florestal pode trazer?
Edi Fonseca – Este zoneamento ambiental pode trazer ameaças ao pampa gaúcho, que possui um bioma extremamente frágil e pouco protegido pelos órgãos ambientais oficiais.
IHU On-Line – O governo estadual e os órgãos de proteção ambiental estão sendo levianos com as pressões das empresas de celulose que pretendem atuar no Rio Grande do Sul?
Edi Fonseca – Os projetos oficiais apresentados não estão considerando o valor ambiental do bioma do pampa gaúcho. O governo está apenas atendendo à pressão econômica imediatista dessas empresas de celulose e, desta forma, não está resolvendo os problemas enfrentados pela região, principalmente a falta de investimento governamental e o desemprego.
IHU On-Line – Como a senhora avalia a atuação das grandes mídias nesse caso do novo zoneamento ambiental?
Edi Fonseca – Consideramos que a mídia, em função de seu comprometimento com os anunciantes, está ao lado das papeleiras. Hoje, as papeleiras estão investindo fortemente em propaganda de seus empreendimentos. Além disso, essas empresas estão fazendo ações ditas “solidárias”, como a doações de praças, de material escolar, de árvores e, ainda, estão financiando eventos oficiais.
IHU On-Line – Existem diretrizes de segurança nesse zoneamento apresentado? Qual é a sua avaliação sobre eles?
Edi Fonseca – Consideramos que todos os mecanismos de proteção foram retirados do zoneamento ambiental da silvicultura, tornando-o totalmente vulnerável.
IHU On-Line – O bioma do pampa gaúcho está em risco?
Edi Fonseca – Sim, por falta de um projeto de sustentabilidade que envolva o conjunto da população.
IHU On-Line – Como a senhora analisa a atuação dos ambientalistas gaúchos nesse caso?
Edi Fonseca – Os ambientalistas sempre se mostraram abertos em participar de todas as discussões sobre o zoneamento ambiental da silvicultura.
IHU On-Line – As audiências públicas referendaram o projeto da “silvicultura”?
Edi Fonseca – Não, até o momento os questionamentos feitos pelas ambientalistas não foram respondidos.
IHU On-Line – como o povo gaúcho deve agir diante desse problema?
Edi Fonseca – Consideramos que a população ainda não foi esclarecida sobre todas as implicações destes projetos. Quais serão os reflexos na economia da região e os impactos negativos ao meio ambiente? Isso é importante e não foi respondido.
Para ler mais:
» O Pampa e o monocultivo do eucalipto
» Pampa. Silencioso e desconhecido.
(www.ecodebate.com.br) entrevista publicada pelo IHU On-line, 07/05/2008 [IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]