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Pesquisadores apontam aumento na intensidade de ciclones

Os especialistas em climatologia permanecem divididos sobre as ligações entre aquecimento global e a incidência de ciclones –cujo número se mantém estável mas, com intensidade maior, como mostram os danos provocados pelo Nargis em Mianmar. Da Agência France Presse, em Paris, publicada pelo UOL Notícias, 07/05/2008 – 08h35.

“Temos em média 80 tempestades tropicais ou ciclones a cada ano no mundo e não observamos qualquer aumento deste número”, declarou Frédéric Nathan, da agência Meteo-France. No norte do Oceano Índico, estes fenômenos são registrados em média cinco vezes por ano, acrescentou.

“Porém, temos constatado nos últimos 30 anos um aumento do número de ciclones de categorias 4 e 5 acompanhados de ventos de mais de 200 km/h”, prosseguiu Nathan.

De acordo com o Instituto de tecnologia de Georgia, em Atlanta, os ciclones de categorias 4 e 5 foram praticamente multiplicados por dois entre os anos 70 e os anos 1990-2004, passando de 50 a 90. O professor Kerry Emmanuel, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), também afirmou que a potência dos ciclones tropicais foi quase multiplicada por dois desde os anos 50.

Segundo o último relatório do IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas) publicado em 2007, “pode-se esperar não um maior número de ciclones, mas ciclones de maior intensidade”, frisou Hervé Le Treut, diretor de pesquisa no Centro Nacional de Pesquisa Científica francês (CNRS).

Entretanto, o pesquisador faz uma ressalva, destacando que os estudos sobre os quais se baseiam estas observações são mais numerosos no Atlântico do que no oceano Índico.

“Só poderemos afirmar isso no longo prazo. O clima é subordinado a leis estatísticas definidas nos últimos 30 anos, aproximadamente. Não temos sistemas de observação e gravações completas ou perfeitas sobre todos os oceanos do mundo e carecemos de informações precisas sobre o que aconteceu antes da era do satélite”, explicou.

A comunidade científica segue muito dividida. “O problema é que os dados que temos sobre os 30 últimos anos não são confiáveis o suficiente para que possamos deduzir uma tendência local”, concordou Adam Lea, do Benfield University College de Londres. “Continua sendo muito difícil prever o futuro”, afirmou.