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Notícia

Alta do preço do trigo reduz consumo de macarrão na Itália

O aumento do preço do trigo está levando os italianos a comerem menos macarrão e pão – produtos básicos da dieta mediterrânea, típica da Itália e considerada uma das mais saudáveis do mundo. Segundo uma pesquisa realizada pela Confederação dos Agricultores da Itália (CIA, na sigla em italiano), o consumo de pão entre 2006 e 2007 caiu 6,2%, o de verduras diminuiu 4,2%, o de macarrão teve uma redução de entre 2,6% e 5%, e o de frutas ficou 2,5% mais baixo. Assimina Vlahou, de Roma para a BBC Brasil, 06 de maio, 2008 – 19h07 GMT (16h07 Brasília).

“A alta dos preços dos cereais, principalmente do trigo de grão duro, está provocando a diminuição do consumo de produtos típicos da nossa tradição culinária”, afirma Giuseppe Politi, presidente da Confederação Italiana dos Agricultores, à BBC Brasil. “E essa tendência pode até se estabilizar.”

Com base nos dados divulgados pela confederação, o preço do pão aumentou 13,2% em 2007, e o do macarrão, 17%.

Segundo a pesquisa, a Itália importa 60% do trigo de grão mole e 40% do trigo de grão duro, fundamental para a produção do macarrão.

O trigo de grão duro é considerado mais rico em carboidratos e glúten, sendo também mais nutritivo e saboroso.

O macarrão é o prato fundamental da mesa dos italianos e é consumido diariamente, no almoço e no jantar.

Mudança de hábito

Por conta do aumento dos preços, um italiano em cada dez mudou seus hábitos alimentares, dando preferência a produtos mais baratos, de acordo com a pesquisa.

Por exemplo, peito de frango e omelete no lugar de macarrão. Menos carne de boi ou de porco. Queijo em vez de verduras, pouco pão e pouco vinho.

Ainda segundo a análise da associação dos agricultores, os produtos típicos da dieta mediterrânea estão perdendo espaço na mesa dos italianos.

A dieta mediterrânea é um modelo de alimentação baseado nas tradições de países como Itália, Grécia, Espanha e França, onde as pessoas consomem principalmente pão, verduras, frutas, cereais, azeite, peixe e vinho.

Estudos já indicaram que quem se alimenta à base desta dieta tem menos chances de apresentar doenças cardiovasculares e maior expectativa de vida.

“Essa variação na alimentação pode até provocar desequilíbrios no organismo”, afirmou Marcello Ticca, especialista de Ciências da Alimentação, em entrevista ao jornal Corriere della Sera.

Segundo Ticca, o maior interesse em fazer regimes para emagrecer também contribuiu para a mudança dos hábitos alimentares dos italianos, que estão comendo menos massa e pão para manter a linha.