Água de região serrana de SP passará por análises
Há suspeita de que bicas em Campos do Jordão e outros dois municípios estejam contaminadas.
Por suspeita de contaminação, as bicas d’água de Campos do Jordão, Santo Antonio do Pinhal e São Bento do Sapucaí, municípios paulistas a cerca de 165 quilômetros a nordeste da capital, vão passar por análise. Moradores das três localidades e turistas tomam água dessas bicas com freqüência. Por Simone Menocchi, do O Estado de S.Paulo, 02/05/2008.
A ocorrência de doenças como hepatite e verminose na população dos três municípios serranos e a desconfiança sobre a qualidade da água motivaram o Comitê das Bacias Hidrográficas da Serra da Mantiqueira a realizar o estudo, iniciado no mês passado. A pesquisa está sendo realizada com recursos do Fehidro, o Fundo Estadual de Recursos Hídricos.
O trabalho começou com o cadastramento das fontes. Foram detectados 203 locais abastecidos por bicas, nascentes, fontes ou poços tubulares. Entre as bicas, 119 estão localizadas em Campos do Jordão, 63 em Santo Antonio do Pinhal e 21 em São Bento do Sapucaí.
A população também será ouvida a partir da próxima segunda-feira, até o final de maio. Faixas foram espalhadas pelas cidades, chamando a atenção da população para as questões.
A consulta pretende apurar se os moradores consomem água de fontes alternativas, se conhecem os problemas que podem ser causados por esse hábito e se já tiveram doenças transmitidas pela água.
“A população precisa despertar para esse risco. Ninguém tem noção da qualidade da água que consome”, afirma o secretário-executivo do comitê, Nazareno Mostarda Neto. “Esse é o nosso papel. Não adianta alertar depois que as pessoas ficarem doentes.”
O trabalho de conscientização, análise e vigilância, segundo Mostarda Neto, será permanente. “Uma vez feito o cadastro, o próximo passo é apresentar um projeto de orientação de como proteger as nascentes e os poços da contaminação.”
ANTECEDENTES
Entre os anos de 2002 e 2003, por exemplo, Campos do Jordão registrou um surto de hepatite A, com a notificação de mais de 300 casos, um índice considerado forte indicativo de contaminação por meio da água.
Na época o surto foi controlado, mas a ocorrência de casos ainda é comum.
HÁBITO
O aposentado Wilson Siqueira vai toda semana buscar água em uma das fontes localizadas no centro de Campos do Jordão. “Levo cinco galões por semana. Uso a água para cozinhar e para beber, e acredito que seja boa”, conta.
A falta de informação sobre a qualidade das bicas d’água é o principal problema. “É a questão mais relevante. As pessoas precisam saber o que estão consumindo, por isso, esse trabalho não termina com a pesquisa. Haverá conscientização”, diz Mostarda Neto.