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Notícia

Veja como os subsídios dos países ricos afetam o mercado de alimentos

Países mais ricos da Europa ajudam os agricultores com R$ 326 bilhões por ano. Continente incentiva agricultores a plantarem para a produção de biocombustíveis. Do G1, com informações do Jornal Nacional, 30/04/2008 – 20h37 – Atualizado em 30/04/2008 – 22h03.

Há seis anos, a Organização Mundial do Comércio (OMC) iniciou uma rodada de negociações para facilitar o comércio internacional e estimular o aumento da produção agrícola, mas nenhum acordo importante foi firmado. Uma das principais fontes de discórdia é a ajuda que os países ricos dão a seus agricultores – os chamados subsídios -, que torna desigual a competição pelos mercados.

A inflação na França chegou a 3,2% – a mais alta dos últimos 20 anos. A carne de frango subiu 10%. O pão francês, 5%. Na feira, os franceses reclamam dos preços. E o aumento não foi maior porque a maior parte dos produtos agrícolas é subsidiada.

Ajuda para não produzir

O agricultor Pierre Marcille recebe o equivalente a R$ 967 por hectare, produza ele ou não, e mais a renda da colheita. No Brasil, um produtor de soja eficiente consegue faturar R$ 126 por hectare.

E quem produz mais barato nem sempre consegue competir no mercado internacional porque a União Européia também subsidia as exportações. Os países mais ricos do bloco ajudam os agricultores com R$ 326 bilhões por ano – 58% do valor de toda a produção agrícola do Brasil.

Se o Brasil, um grande produtor agrícola, é prejudicado, regiões como a África enfrentam conseqüências ainda piores. E o ciclo da miséria na África é alimentado pela riqueza dos países desenvolvidos – que sufocam o desenvolvimento agrícola dos mais pobres.

Canola

O mundo enfrenta o menor estoque de comida dos últimos 30 anos. E muitos governos têm restringido as exportações de grãos, prejudicando ainda mais o comércio internacional de alimentos.

A Europa, que durante muitos anos lidou com a produção excessiva de alimentos, também paga aos agricultores para não plantarem – mesmo que seja para deixar o mato crescer. Os agricultores continuam recebendo, mas podem plantar desde que seja para a produção de biocombustíveis, como a canola, e não de alimentos.

Da canola é extraído óleo, adicionado ao diesel. Pierre Marcille substituiu o milho pela canola. O trigo ainda é sua principal cultura – mas boa parte dele não vai virar pão, mas etanol, agora adicionado à gasolina.

Um jornalista atraiu a ira do governo e dos agricultores quando disse que em vez de subsidiar o plantio de biocombustíveis a Europa deveria importar etanol do Brasil – mais barato e energeticamente mais eficiente. Segundo ele, as autoridades francesas não consideram o biodiesel uma questão energética, mas agrícola.