Degradação ambiental ameaça abelhas do cerrado maranhense, artigo de Márcia Rêgo Patrícia Albuquerque e Giorgio Venturieri
[JB On-line] As abelhas sem ferrão do cerrado maranhense usam certas árvores para fazer seus ninhos, mas a degradação do ambiente por ações humanas vem reduzindo a disponibilidade desses locais, ameaçando a sobrevivência das abelhas. As conclusões são de um levantamento em áreas de cerrado e de cerradão (mais fechado e com árvores mais altas) feito por cientistas da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
As abelhas buscam nas plantas pólen e néctar para alimentação, e óleos, resinas e substâncias aromáticas para construção e defesa dos ninhos e para atração sexual. Mas também encontram nos vegetais um local para instalar seus ninhos: a grande maioria das espécies de abelhas constrói ninhos em ocos de árvores, vivas ou mortas.
Em diferentes ambientes, as abelhas usam com mais freqüência determinadas plantas para seus ninhos. No município de Chapadinha, a leste do Maranhão, por exemplo, constatou-se que 88% das espécies de abelhas sem ferrão do chamado ‘cerradão’ fazem seus ninhos em apenas uma árvore, a folha-larga, abundante nesse ambiente.
Já ao sul do Maranhão, no município de Balsas, em área de cerrado típico, os ninhos de abelhas sem ferrão são encontrados, em maior proporção, em galhos e troncos ocos de sucupira-amarela, de piqui e de puçá. Entre os ninhos de abelhas inventariados destacam-se os das espécies conhecidas como tubi, tataíra e mané-de-abreu e árvores com troncos ocos mais espaçosos abrigam abelhas maiores, como as das espécies uruçu e tiúba, ambas já pouco abundantes no cerrado maranhense.
As queimadas, a derrubada da mata nativa, a coleta pouco criteriosa do mel e outras práticas observadas nessas regiões são nocivas às abelhas. E como estas são importantes nas interações ecológicas (são, por exemplo, os principais polinizadores de grande parte das plantas desses ambientes), a redução de suas populações afeta a manutenção dos ecossistemas.
A criação racional de abelhas silvestres, o cultivo de ‘jardins de polinizadores’ e o repovoamento de espécies raras são algumas ações que podem ajudar a proteger essas abelhas, aproveitando-as como instrumento de desenvolvimento sustentável, pesquisa e conservação.
Márcia Rêgo Patrícia Albuquerque, Universidade Federal do Maranhão
Giorgio Venturieri, EMBRAPA Amazônia Oriental, Belém-PA
Artigo enviado pelo Fórum Carajás e originalmente publicado pelo JB Online, [ 20/04/2008 ] 02:01