Efeitos do aquecimento chegam ao Semi-Árido
Dados da Embrapa mostram um aumento de meio grau na temperatura do ar. A partir de dois graus a agricultura pode ficar comprometida
PETROLINA – O pólo de fruticultura irrigada do Semi-Árido brasileiro já está sentindo os efeitos do aquecimento global. Levantamento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostra um aumento de meio grau na temperatura do ar. Por Verônica Falcão, vfalcao@jc.com.br, do Jornal do Commercio, PE, 19/04/2008.
A partir de dois graus acima da média, o que está previsto para ocorrer em 2020, se persistirem os níveis atuais de emissões de gases do efeito estufa, pode haver comprometimento da agricultura. Os dados, apresentados anteontem no 1º Simpósio sobre Mudanças Climáticas e Desertificação no Semi-Árido Brasileiro, em Petrolina, correspondem a medições feitas nos últimos 40 anos.
Os valores foram coletados na Estação Meteorológica da Embrapa Semi-Árido, no Campo Experimental de Mandacaru, em Juazeiro (BA). São médias mensais referentes ao período de 1966 a 2006. “A temperatura, em quatro décadas, apresentou tendência de elevação”, informa a agrônoma Francislene Angelotti, que pesquisa impactos da mudança climática na região.
O próximo passo será verificar os efeitos do aquecimento das plantações de manga, uva, palma forrageira e capim buffel. As duas primeiras são culturas do Semi-Árido para exportação e as outras têm aplicação na pecuária. A investigação será feita em experiências de campo e de laboratório, para simular o desenvolvimento da planta em razão do aumento da temperatura.
A agrônoma verificou ainda que a variação é de acordo com os meses do ano. “É maior em abril e maio e menor em agosto e setembro.” Francislene Angelotti não identificou as causas da variação, mas diz que ela segue os cenários projetados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), grupo internacional formado por mais de dois mil cientistas que se dedicam ao tema.
O IPCC aponta aumento da temperatura do ar, mas com intensidades variando de acordo com região e época do ano. Para a pesquisadora, o conhecimento das tendências climáticas é essencial para adaptar práticas agrícolas às novas condições do ambiente. “A variação climática tem grande influência na composição da vegetação natural, na implantação de sistemas agrícolas produtivos e mesmo nas características socioeconômicas de uma região.”
(*) A repórter viajou a convite da Embrapa
Acho muito importante tal publicação sobre a questão climática dentro do processo agropecuário, em referência, principalmente, sobre a questão da adaptação, pois esta é um ponto crucial a ser debatido dentro da Conferência Nacional de Meio Ambiente, nos próximos dias: de 7 a 10 de maio/08. Gostaria de poder obter mais informações sobre a questão mencionada acima, pois irei fazer parte do grupo de Adaptação Agropecuária na conferência. MUIto obrigada. Geisa.