Consumo de carnes vermelhas e fritas pode elevar risco de câncer de mama
Fatores genéticos podem contribuir para o desenvolvimento de câncer de mama em mais de 30% dos casos, mas um estilo de vida sedentário associado à obesidade e a hábitos de alimentação inadequados também podem aumentar o risco em cerca de 40%. Baseados nessa premissa, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), do Centro de Ciências da Saúde (CCS), em João Pessoa (Paraíba) e da Faculdade Evangélica do Paraná (Fepar), em Curitiba, avaliaram a dieta de 183 mulheres no Nordeste do Brasil para verificar a relação entre alimentação e a doença, segunda maior causa de mortalidade entre as mulheres no país desde a década de 80. Por Renata Moehlecke, da Agência Fiocruz de Notícias .
Segundo os autores do estudo, o consumo de frutas, sucos, feijão, leite e derivados apresentou uma forte associação com a redução no risco do câncer da mama
“O consumo de frutas, sucos, feijão, leite e derivados apresentou uma forte associação com a redução no risco”, afirmam os pesquisadores em artigo publicado na edição de abril da revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. Enquanto esses alimentos podem atuar como uma proteção, o consumo de carnes vermelhas e de carnes fritas esteve positivamente relacionado ao desenvolvimento do câncer de mama. Nenhuma associação foi observada entre vegetais, salsichas e a enfermidade.
Para o estudo, foram selecionadas 89 mulheres com histórico confirmado da doença em um hospital municipal de João Pessoa, entre agosto de 2002 e novembro de 2003. Outras 94 para formar um grupo de controle. Todas as participantes tinham idade entre 30 e 80 anos. Elas responderam a um questionário com informações sobre a freqüência de consumo de 68 itens ingeridos durante o ano precedente a confirmação da doença. Dados sobre tamanho da porção de cada alimento listado também foram recolhidos.
“Como o estudo foi desenvolvido no Nordeste, os resultados não podem ser razoavelmente extrapolados para o país inteiro, considerando a heterogeneidade da dieta dos habitantes nas cinco regiões”, destacam os estudiosos. “Mais estudos são necessários para elucidar os efeitos potenciais de alimentos e de hábitos dietéticos em relação ao risco da doença”.