Reduzir o desmatamento pode render bilhões, diz estudo
OSLO (Reuters) – A redução do desmatamento em lugares como a Amazônia e a bacia do Congo poderia gerar bilhões de dólares por ano para os países em desenvolvimento, como parte de um esquema da ONU para combater a mudança climática, segundo estudo divulgado na segunda-feira. As queimadas nas matas representam cerca de 20 por cento das emissões mundiais de gases do efeito estufa. Em dezembro, uma conferência de 190 países em Bali (Indonésia) decidiu pela criação de um sistema que recompense países que reduzam o desmatamento. Por Alister Doyle, da Agência Reuters, publicado pelo UOL Notícias, 07/04/2008 – 12h27.
“Mesmo com premissas bastante conservadoras pode-se gerar quantidades substanciais de dinheiro e reduções de emissões”, disse Johannes Ebeling, da empresa britânica EcoSecurities, autor do estudo em parceira com Mai Yasue, da Universidade de British Columbia (Canadá).
De acordo com eles, um declínio de 10 por cento no ritmo de devastação das florestas tropicais geraria de 1,5 bikhão a 9,1 bilhões de euros (2,4 bilhões a 14,3 bilhões de dólares) em créditos de carbono para os países em desenvolvimento, baseando-se num valor de 5 a 30 euros por tonelada de carbono.
Essas restrições evitariam que cerca de 300 milhões de toneladas de dióxido de carbono chegassem à atmosfera por ano. Isso é aproximadamente o total de emissões da Turquia, ou metade das emissões da França.
A ONU espera que o combate ao desmatamento faça parte do novo tratado climático que deve entrar em vigor em 2012.
Ebeling disse à Reuters que eventuais créditos pelo não-desmatamento deveriam ser compensados por regras rígidas em outras áreas –por exemplo, obrigando usinas termoelétricas e fábricas de cimento a pagarem uma taxa pelo direito de emitir dióxido de carbono.
O estudo, publicado na revista britânica Philosophical Transactions, da Real Sociedade B, citou enormes desafios na construção de um sistema justo.
Até agora, o grande foco do debate da ONU está em recompensar o sucesso de países com taxas elevadas de desmatamento — como Brasil e Equador.
Mas países como Guiana e Suriname, que mantiveram uma grande cobertura florestal, ou então como Costa Rica e Chile, que reduziram ou mesmo reverteram o desmatamento, podem ganhar pouco.
Também há problemas na avaliação das taxas de desmatamento ou na criação de controles para que a proteção de uma floresta não leve à devastação de outra.
E alguns países pobres que poderiam se beneficiar –como Libéria ou Mianmar– talvez simplesmente não tenham os controles necessários para regulamentar o uso das terras.
Mesmo assim, Ebeling se disse otimista com o surgimento de um novo sistema, devido à disposição internacional em incluir a questão do desmatamento como parte do tratado que sucederá ao Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.