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Notícia

Aquecimento beneficia Islândia

Potencial hidrelétrico sobe com derretimento de geleiras; país é pioneiro em energia limpa – O aquecimento global tem beneficiado economicamente pelo menos um país: a Islândia, nação-ilha localizada no Atlântico Norte. O derretimento intensificado de geleiras que alimentam seus rios aumentou a atividade hidrelétrica. “Ao compararmos dados hidrológicos sobre a quantidade de energia que veio da água nos últimos 60 anos, observamos um incremento nas últimas duas décadas”, afirma Thorstein Hilmarsson, da companhia energética estatal Landsvirkjun. A energia excedente vai principalmente para indústrias com uma utilização intensiva, como a de alumínio. Matéria da Agência Reuters, Reykjavik, publicada pelo O Estado de S.Paulo, 07/004/2008.

Outra vantagem do aquecimento global para os islandeses é a venda de tecnologias de geração limpa de energia para outros países. Dois terços da eletricidade consumida na Islândia é de origem renovável: além das hidrelétricas, ainda há estações geotérmicas, que usam o calor de vulcões para aquecer 87% das residências.

Por causa disso, cientistas de todo o mundo têm visitado as universidades do país atrás de alternativas ao consumo de combustíveis fósseis, como o carvão, e empresas estrangeiras se associam às islandesas em busca de inovação.

A promoção de tais tecnologias é parte da missão da embaixadora islandesa nos Estados Unidos, Carol van Voorst. “Você rapidamente pode perceber como a Islândia usa seus recursos naturais de forma criativa”, diz. Ela cita como um dos projetos mais audaciosos o estudo do “fluido aquoso supercrítico”, encontrado entre 4 e 5 quilômetros sob a superfície, a temperaturas entre 400°C e 600°C.

Um buraco será perfurado ainda neste ano. O governo islandês acredita que pode levar décadas para o país aprender a usar essa fonte, mas que ela pode mudar radicalmente a forma como a energia é gerada.

Outro projeto é a conversão de petróleo para hidrogênio de todo o sistema de transporte até 2050. O primeiro navio comercial alimentado por hidrogênio deve começar a operar ainda em 2008.

IMPACTOS

Os próprios islandeses são os primeiros a dizer que estão na vanguarda da energia renovável porque o país é um dos mais sensíveis às mudanças climáticas. Climatologistas registram intensas escaladas de temperatura em todo o Pólo Norte.

Apesar dos benefícios econômicos, eles acreditam que as desvantagens podem ser maiores para eles em médio prazo se não houver o controle da emissão dos gases-estufa. “Estamos em uma posição incomum porque muitas das mudanças que acontecem são mais benéficas do que maléficas”, diz o geofísico Tomas Johannesson, do Escritório Meteorológico Islandês. “Mas, se algo sério acontece a outras nações, isso pode ter efeito aqui. Então as pessoas não estão recebendo exatamente bem essas mudanças.”

O aquecimento também provoca transtornos. A capital, Reykjavik, sofreu uma inundação no inverno. Em vez de nevar entre novembro e abril, como era o costume, chuvas intensas atingiram a cidade. “Não chega nem a ser uma dúvida”, diz Asta Gisladottir, de 36 anos, que trabalha em um hotel, sobre o aquecimento global estar por trás da inundação. “Estamos muito próximos do Pólo Norte. É como se fosse nosso quintal.”