Comentário de Henrique Cortez sobre as matérias Ministra italiana ordena retirar lotes contaminados de muçarela de búfala. CE não adotará mais medidas contra muçarela após a resposta da Itália
[EcoDebate] Sempre me surpreendo com hipocrisia européia. Sempre buscam argumentos protecionistas para boicotar os produtos agropecuários do terceiro mundo, mas sempre são “compreensivos” com os problemas originados da própria Europa.
Os recentes casos de febre aftosa na Inglaterra ou da língua azul no norte da Europa são exemplos típicos deste comportamento com dois pesos e duas medidas.
No caso da muçarela, a hipocrisia chega ao limite, tendo em vista a sua contaminação por dioxinas. Tudo indica que a contaminação do leite ocorra devido a substâncias tóxicas acumuladas no terreno ano após ano devido a uma péssima gestação do lixo na região.
Para que possam compreender melhor os riscos do consumo de um produto contaminado com dioxinas, transcrevo a descrição da Wikipédia (in http://pt.wikipedia.org/wiki/Dioxina), para que os leitores julguem por si mesmos:
A dioxina, é um organoclorado altamente tóxico, carcinogênico e teratogénico. É um dos poluentes orgânicos persistentes sujeitos à Convenção de Estocolmo.
As dioxinas são subprodutos não intencionais de muitos processos industriais nos quais o cloro e produtos químicos dele derivados são produzidos, utilizados e eliminados. As emissões industriais de dioxina para o meio-ambiente podem ser transportadas a longas distâncias por correntes atmosféricas e, de forma menos importante, pelas correntes dos rios e dos mares. Conseqüentemente, as dioxinas estão agora presentes no globo de forma difusa. Estima-se que, mesmo que a produção cesse hoje completamente, os níveis ambientais levarão anos para diminuir. Isto ocorre porque as dioxinas são persistentes, levam de anos a séculos para degradarem-se e podem ser continuamente recicladas no meio-ambiente.
A dioxina mais potente que se conhece é a 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina (TCDD).
A exposição humana às dioxinas provém quase que exclusivamente da ingestão alimentar, especialmente de carne, peixes e laticínios. Exposições extremamente altas de seres humanos às dioxinas que acontecem, por exemplo, após exposição acidental/ocupacional, juntamente com experimentação em animais de laboratório, mostraram efeitos de toxicidade no desenvolvimento e reprodutiva, efeitos sobre o sistema imunológico e carcinogenicidade. Mais preocupantes ainda são dados de estudos recentes que mostram que as concentrações das dioxinas no tecido humano na população de países industrializados já estão – ou estão próximos – dos níveis nos quais os efeitos sobre a saúde podem ocorrer.
Henrique Cortez, henriquecortez@ecodebate.com.br
coordenador do EcoDebate