EcoDebate

Plataforma de informação, artigos e notícias sobre temas socioambientais

Notícia

Fórum ambientalista de MT decide combater movimento rural

A sorte está lançada. Ambientalistas de Mato Grosso decidiram “endurecer” o jogo contra o movimento dos produtores rurais, o chamado “Reage Nortão”, que tem como finalidade atacar as medidas restritivas do Governo Federal. O embate promete ser duro. Contrapondo a audiência pública promovida pela Assembléia Legislativa, de maioria ligada a produção, o Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento – (Formad) lançou nova para “explicitar o apoio ao Ministério do Meio Ambiente à ministra Marina Silva e ao teor do Decreto federal 6.321, de 21 de dezembro de 2007, que estabelece medidas para desacelerar o desmatamento na Amazônia”. Por Edilson Almeida, da Redação 24 Horas News, 21/02/2008 – 22h53.

“A Sociedade Mato-grossense precisa perceber que os setores ruralistas mais descontentes com o MMA e a ministra são os que querem continuar desmatando mais do que a lei permite, lutam para diminuir a área de reserva legal” – condena o documento. “São os que insistem em praticar o corte raso da floresta para praticar agricultura numa zona que é destinada ao manejo florestal. Esta porção da sociedade se beneficia em detrimento dos graves problemas ambientais que afetam toda população de Mato Grosso, do Brasil e do mundo.

Na nota, os ambientalistas dizem que estão “acompanhando com preocupação” o Movimento Reage Nortão de setores rurais porque “tentam desestabilizar o trabalho do Ministério do Meio Ambiente e da ministra Marina Silva”. O Fórum se intitula articulador de organizações e cidadãos mato-grossenses socio-ambientalistas.

Entre as medidas anunciadas, os ambientalistas destacam a criação da lista dos municípios que mais desmatam; a atualização cadastral de propriedades rurais para fins de monitoramento do desmatamento e o incentivo à produção sustentável. Eles dizem que essas medidas, apesar do repúdio do setor ruralista e parte dos parlamentares mato-grossenses, “vem somar as ações de monitoramento, controle e prevenção do desmatamento”.

O Fórum avalia que as medidas anunciadas não deverão causar grandes prejuízos econômicos aos 36 municípios, dentre os quais, 19 são de Mato Grosso. Isso porque o Ministério do Meio Ambiente anunciou na terça-feira as regras para o recadastramento das propriedades rurais com áreas a partir de 60 hectares, no qual também fora estipulado o prazo de 30 dias para o cumprimento desta finalidade.

Os dados divulgados pelo INPE do desmatamento, segundo o Fórum, mostra a urgente necessidade dos órgãos fiscalizadores endurecer frente àqueles que incentivam ou praticam o desmate ilegal. “Mesmo porque muito da destruição da Amazônia é fruto dos desmandos estatais e a certeza da impunidade. Não autorizar novos desmatamentos nos municípios campeões até a sua regularização é medida ousada por parte do MMA, porém necessária para se colocar ordem e ajudar a promover uma nova mentalidade de desenvolvimento na região” – frisou..

Os ambientalistas acham, no entanto, que as medidas do Governo Federal “não serão suficientes se os Estados e União não investirem fortemente na punição dos criminosos ambientais”. O documento frisa que as punições consistem no “elo mais fraco da corrente” que precisa ser enfrentado com seriedade e sem subterfúgios para que o ato criminoso de desmatar ilegalmente não compense. E frisa que grande parte da população do Estado também está em defesa da ministra. “Os ataques pessoais que a mídia vem repercutindo vem de setores predadores e não dos produtores responsáveis” – observa.

O Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento possui mais de 40 entidades filiadas e foi criado em abril de 1992 com a finalidade de democratizar informações, proporcionar o debate sobre as questões socioambientais, além de propor alternativas de desenvolvimento sustentável para a melhoria das condições de vida da população mato-grossense. O Formad integra organizações dos diversos segmentos da sociedade civil para discussões e definição de ações coletivas em relação às políticas públicas e privadas, que dizem respeito ao meio ambiente e a vida humana.