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Parlamentares de vários paises discutem o clima no Brasil

WASHINGTON (Reuters) – Parlamentares dos principais países industrializados e de cinco grandes economias emergentes se reúnem a partir de quarta-feira no Brasil para discutir um tratado climático que está em fase de negociação. Será a primeira reunião de parlamentares de países ricos e em desenvolvimento para ajudar a moldar o documento que substituirá o Protocolo de Kyoto a partir de 2012, disse à Reuters a vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina, Pamela Cox. Por Lesley Wroughton, da Agência Reuters, publicado pelo UOL Notícias, 19/02/2008 – 21h39.

“Os parlamentares são mais do que só mais uma voz. Em muitos países, são os que na realidade patrocinam e aprovam as leis que podem governar qualquer pauta futura da mudança climática”, disse ela.

Cox, que vai participar da conferência em Brasília, disse que é preciso buscar uma solução global para controlar as emissões de carbono responsáveis pelo aquecimento.

“É uma questão global tão importante que não dá para ser uma discussão bilateral, é preciso engajar a sociedade inteira”, disse ela. “Não acho que exista qualquer tipo de iniciativa ou evento desse tipo.”

Os cem parlamentares esperados representam o Grupo dos Oito –Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Canadá, Japão e Rússia– mais cinco grandes países em desenvolvimento –China, Brasil, Índia, África do Sul e México.

O Protocolo de Kyoto só estipula regras para as emissões de carbono nos países desenvolvidos. Já o novo tratado deve incluir todos, inclusive grandes emissores como China e Índia.

O Brasil teme que esse novo tratado, lidando com todas as formas de emissões (inclusive pelo desmatamento), afete sua soberania sobre a Amazônia. O país é o quarto maior emissor de carbono no mundo, e quase todo o material é resultante do desmatamento.

Em outubro, o Banco Mundial anunciou a criação do programa Parceria das Florestas de Carbono, para dar incentivos financeiros a países que protejam e replantem florestas, capazes de capturar muito carbono e assim reduzir o aquecimento.

A destruição de florestas no mundo representa mais de 20 por cento das emissões de gases do efeito estufa, mais do que todos os carros, caminhões, trens e aviões do planeta juntos. Ao estipular um valor econômico para as florestas tropicais, o programa pode ajudar países em desenvolvimento, como o Brasil, a gerar uma nova fonte de renda para o combate à pobreza.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve falar à conferência. Ele vem argumentando que os países ricos são responsáveis por 60 por cento das emissões de gases, e que por isso deveriam arcar com a responsabilidade.

A exemplo de outros países em desenvolvimento, o Brasil também teme que tratados contra o aquecimento global emperrem seu desenvolvimento econômico.

“Ambos os lados precisam de mais compreensão do ponto de vista do outro, porque é uma questão global e estamos todos juntos nisso”, disse Cox. “Esses países precisam ser vistos como parceiros plenos. Não é só quem paga, mas quem joga, e esperamos que o G8 pague e que esses países de renda média joguem, e precisamos descobrir como isso vai funcionar.”