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Notícia

Chacina de Unaí completa quatro anos e famílias cobram julgamento de acusados

Auditores do trabalho e duas viúvas dos fiscais assassinados em Unaí (MG), há quatro anos, fizeram uma manifestação nesta segunda-feira, em Brasília. Eles querem pressionar o Judiciário a marcar logo o julgamento dos acusados. Lísia Gusmão, Colaboração para a Folha Online, em Brasília, 28/01/2008 – 19h23.

Apontado como um dos mandantes do crime, o prefeito de Unaí, Antério Mânica, por ter foro privilegiado, será julgado pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 1ª Região. Produtor de feijão, ele foi eleito prefeito em 2004, meses após o crime.

A pedido do Ministério Público Federal, o julgamento de Mânica foi adiado até que o futuro dos demais mandantes e executores do crime seja decidido pela Justiça Federal de Minas Gerais. Eles devem ir júri popular.

“Viemos pedir agilidade no julgamento. Há provas sobejas, mais do que suficientes do envolvimento dos acusados na chacina”, disse a presidente do Sinait (Sindicato Nacional do Auditores Fiscais do Trabalho), Rosa Maria Campos Jorge.

Nove pessoas participaram do assassinato dos fiscais Erastótones de Almeida, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e do motorista Ailton Pereira de Oliveira, segundo a Polícia Federal. Ninguém foi julgado. Os auditores inspecionavam fazendas da região de Unaí para evitar a exploração de trabalhadores e, de acordo com as investigações, foram vítimas de uma emboscada.

Segundo a presidente do TRF 1ª Região, desembargadora Assusete Magalhães, foram negados e arquivados mais de 20 pedidos de habeas corpus protocolados pelos advogados dos acusados e não há recursos pendentes.

“Tudo que competia ao TRF já foi feito. Nada mais há a ser feito”, disse a desembargadora. “Mas nossa lei processual permite uma infinidade de recursos, o que deverá ser usado pelos réus nos tribunais superiores.”

A desembargadora Assusete Magalhães ressaltou que o processo tem 20 volumes e envolve nove acusados. “Não houve negligência por parte do tribunal”, afirmou a presidente do TRF.

Crime

De acordo com as investigações da Polícia Federal, Antério Mânica, seu irmão Norberto Mânica, e o fazendeiro Hugo Alves Pimenta seriam os mandantes do crime, supostamente intermediado pelo empresário José Alberto Costa.

A elaboração do plano de execução, segundo a PF, foi feita por Francisco Elder Pinheiro, que teria contratado os pistoleiros –Erinaldo de Vasconcelos e Rogério Alan Rocha Rios. Erinaldo teria recebido R$ 22 mil, enquanto Rogério Alan, R$ 6.000 pelo crime.

William Gomes de Miranda teria sido contratado como motorista dos pistoleiros, serviço que teria custado R$ 11 mil. Já Humberto Ribeiro dos Santos seria encarregado de apagar as provas do crime.

Dos noves acusados, estão presos Francisco Elder Pinheiro, Erinaldo de Vasconcelos, Rogério Alan Rocha Rios, William Gomes de Miranda e Humberto Ribeiro dos Santos.

“É uma dor muito grande, que ainda não acabou. Espero que se faça Justiça”, disse Helba Soares da Silva, viúva do fiscal Nelson José da Silva.