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Notícia

Proteção ambiental nos mangues já beneficia as comunidades próximas, em Cubatão

Há muito por fazer em termos de conscientização, mas os próprios pescadores já percebem melhorias em seu trabalho.

Ação: recolher as linhas de pipas que ficam presas nas árvores do mangue. Resultado: menos aves mortas por se enroscarem nos fios.

Ação: retirar do mangue todo o lixo encontrado. Resultado: aumento significativo na quantidade de peixes e caranguejos, e portanto mais alimento e fonte de renda para os pescadores da região.

Ação: estudar o comportamento de aves, caranguejos e outros animais do mangue. Resultado: ampliar o conhecimento sobre como eles vivem, interagem e se reproduzem, permitindo desenvolver programas de manejo ambiental, com vantagens para a comunidade local e todo o planeta.

Os próprios pescadores cubatenses estão percebendo a importância dessas três ações e incentivando-as, e já colhem os primeiros resultados dessas práticas de preservação ambiental: a quantidade de peixes e caranguejos está aumentando significativamente nos mangues da Baixada Santista, em paralelo com o incremento no número de aves.

Para acompanhar o período de nidificação das principais aves encontradas na região, a bióloga Maria do Carmo Araújo Amaral, do Centro Guará Vermelho (que é fruto de convênio entre a Prefeitura de Cubatão/Secretaria Municipal do Meio-Ambiente e o Ministério do Meio-Ambiente, para a preservação dessa ave, educação ambiental, apoio às pesquisas e monitoramento ambiental) percorreu em dezembro o mangue em Cubatão, junto com o fotógrafo Carlos Moura, do Departamento de Imprensa da Prefeitura, e o pescador Noel Drummond da Silva.

Pipas – E um dos principais problemas que constataram foi a ocorrência de inúmeros casos de aves vitimadas por enroscamento em linhas de pipas abandonadas pelas crianças da região. Noel explicou que tem tomado a iniciativa de retirar essas linhas, mas é importante que a comunidade se conscientize do problema ambiental criado por essas linhas abandonadas.

Segundo a bióloga, o pescador lhe contou também que o trabalho de retirada de lixo do mangue, feito por ele e seus colegas, já reflete no aumento da quantidade de peixes e caranguejos, aumentando a rentabilidade de seu trabalho e portanto nas condições econômicas da comunidade.

Observações – Há muito o que ser pesquisado ainda sobre o ecossistema dos manguezais. Por exemplo, foram observados ninhais (locais de reprodução) de porte significativo, ao largo do Bolsão 8, indo-se em direção ao Bolsão 9 (local só acessível por caiaques, barcos pequenos), e no lado da ilha Pompeba defronte ao Jardim Casqueiro. Com uma curiosidade: os mesmos ninhos, rústicos e bem próximos de áreas urbanas, são compartilhados por diversas aves, ora sendo usados pelos filhotes de garça azul ou branca, ora pelos socós-caranguejeiros, por exemplo. Além disso, aves de diferentes espécies em galhos bastante próximos, e o pequeno espaço entre os ninhos, chamaram a atenção da pesquisadora.

A equipe também observou ninhos solitários de socós-caranguejeiros ao longo do Rio Paranhos, um indicativo do potencial dessa área para a formação de novos ninhais, e que precisará ser monitorada mais constantemente. Por outro lado, nas visitas feitas não foi observada a reprodução de guarás-vermelhos, o que também precisa ser mais pesquisado – talvez tenham período reprodutivo anterior ao de outras aves, ou tenham estabelecido ninhal em outra região. É igualmente desconhecida a função da Natureza que justifica a presença de biguás junto com as outras aves, nas mesmas colônias.

Aliás, num ambiente em constante transformação, muitas coisas são agora observadas pela primeira vez, embora a bióloga freqüente os mangues cubatenses há mais de dez anos. Todos esses dados vêm sendo arquivados pelo Centro Guará Vermelho, estando à disposição dos pesquisadores – que podem manter contato diretamente no local (Travessa José Vicente, 50, Sítio Cafezal, em Cubatão), ou pelo telefone (13) 3372-6207 e correio eletrônico centroguara@itelefonica.com.br.

Por ser constituído por muitas árvores rizoforáceas, cujas raízes formam uma espécie de grade dentro da água, o mangue permite que os alevinos (filhotes de peixes) ali se desenvolvam, protegidos de espécies predadoras. Pequenos crustáceos servem de alimento às aves, e essa abundância atrai novas espécies. A maior população animal faz com que a vegetação se fortaleça, e com isso ganha a comunidade, beneficiada com a maior quantidade de peixes e crustáceos. Como resume a bióloga: “No mangue existe alimento para as aves, para os peixes e para o ser humano” – desde que seja bem cuidado.

texto produzido pela Assessoria de Imprensa de Cubatão