Seja verde sem ser um ecochato
Consumo responsável e aquecimento global foram expressões com destaque na mídia em 2007. Pesquisas científicas apontaram, mais uma vez, o desmatamento e a fabricação de produtos de plástico sem posterior reaproveitamento (entre outras ações) como vilões de um planeta cada vez mais sujo e perigosamente quente. Matéria de Bruno Ribeiro, do Diário do Grande ABC, 06/01/2008
Por isso, não faltou gente disposta a falar sobre como deveríamos mudar radicalmente nossos hábitos para salvar o planeta. São os chamados ecochatos. “Está cheio de gente disposta a criticar as sacolas de supermercado e as embalagens em geral como vilões ambientais. As embalagens são necessárias. Sem elas, os produtos seriam danificados e os alimentos estragariam”, diz o engenheiro químico Miguel Bahiense, diretor do Instituto do PVC (poli cloreto de vinila).
Ele diz que não é preciso abandonar as sacolas plásticas, por exemplo. Para ele, as pessoas precisam só aprender a usá-las. “Têm de colocar mais produtos por sacolinha, saber fazer um consumo qualitativo, e não quantitativo”, opina Bahiense.
E esse consumo vale para todos os setores. Nilton Seuaciuc, da diretoria metropolitana da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), afirma que o consumo médio per capita de água na Grande São Paulo fica entre 200 e 250 litros por dia. A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda praticamente a metade: 120 litros.
Na maior parte do planeta, vive-se perfeitamente gastando menos. No Brasil, por conta da propalada abundância de recursos naturais e por razões culturais, as pessoas insistem em lavar a calçada com muita água. E não é a água reaproveitada da lavagem de roupas, como manda o manual dos bons modos ecológicos, mas sim água de primeiro uso, tratada.
Sem pegar no pé de ninguém, fazendo a sua parte, é possível diminuir a culpa por não cuidar do planeta como ele merece. Basta adotar hábitos simples no cotidiano. Veja abaixo como ser consciente sem se tornar um ecochato.
CUIDE DO LIXO – Separe as embalagens secas do lixo orgânico e, nas cidades sem coleta porta-a-porta, procure o posto de reciclagem mais próximo para entregar o material reutilizável (latas, vidro, madeira, papelão e papel). Não jogue lixo nos rios ou no chão – isso causa enchentes. Quando for se desfazer de algum produto eletrônico, como TVs e computadores, procure doá-los ou vendê-los para um comércio de usados. Baterias de celulares e outras, além de pilhas, devem ser entregues no local onde foram compradas.
COMPRE MADEIRA COM CERTIFICADO – Economizar água e energia, separar lixo e se locomover de ônibus requerem mudança de hábitos às vezes um pouco complicadas para certas pessoas. Mas quando o assunto é madeira, é tudo muito fácil, afinal, não se compra uma cama todo dia. Por isso, adquira móveis com certificação ambiental – a madeira vem de áreas onde há reflorestamento. O que é bom para manter as florestas e ajudar a combater o efeito estufa. As árvores em crescimento retiram mais CO² da atmosfera do que uma planta adulta.
ECONOMIZE ÁGUA – Árvores em crescimento são a forma mais eficiente de limpar o ar. Durante a fotossíntese, as plantas tiram do ar o CO², emitido quando dirigimos um carro ou usamos energia elétrica. Mas não se pode sair por aí plantando árvores na rua – isso é papel do poder público. No entanto, nada impede que se plante uma muda no quintal de casa, em um apartamento térreo ou na empresa onde se trabalha. Sem ser um ecochato, sugira sorrindo ao síndico ou para alguém do seu trabalho a adotar essa idéia.
PLANTE ÁRVORES – Desligue a torneira ao escovar os dentes, ao barbear-se, ao lavar a louça e a roupa. Reutilize a água da roupa para lavar o quintal e em outras atividades que não requerem água de primeiro uso. Não lave o carro todo final de semana. Lembre-se sempre que, na maior parte do mundo, as pessoas gastam metade da água usada pelos habitantes da nossa região metropolitana para viver. Conserte vazamentos assim que forem detectados (inclusive torneiras que pingam). Tome banhos rápidos.
USE TRANSPORTE PÚBLICO – Até 2010, o governo do Estado promete várias mudanças no transporte público da Grande São Paulo. Metrô até a Vila Prudente (bairro da Capital próximo à região), trem expresso no Grande ABC e corredores de ônibus espalhados por toda a Região Metropolitana. Aproveite isso. Os carros atrasam nossa vida (literalmente, por conta do trânsito cada vez maior). Além disso, em um ano utilizando ônibus, você poluirá o ar nove vezes menos do que se locomovendo em um carro a gasolina no mesmo período.
(Colaborou Adriana Gomes)
Mudar hora do banho virou iniciativa de emergência no País
Do Diário do Grande ABC
Quando o assunto é energia elétrica, o problema chama-se horário de pico. Entre às 18h e às 21h, enquanto toda a indústria e o comércio ainda não encerraram suas atividades, muitas pessoas já estão em casa tomando banho e passando roupas. Chuveiro e ferro elétricos são os dois aparelhos que mais consomem energia em casa.
Segundo o Ministério de Minas e Energia, a capacidade de produção elétrica no Brasil cresceu 3,4% em 2006 (os dados de 2007 não estão consolidados). O PIB (Produto Interno Bruto) cresceu, no mesmo ano, 3,7%. O presidente do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura), Adriano Pires, declarou à imprensa no ano passado que, a partir de 2009, o Brasil correria risco de ter a demanda por energia 2% maior que a oferta.
Se não houvesse tanta demanda no horário de pico, a capacidade de produção poderia crescer menos. E isso seria bom, pois, obter energia de qualquer maneira gera custos para o meio ambiente. Hidroelétricas precisam alagar uma área. Termoelétricas emitem CO² (o gás do efeito estufa) e usinas nucleares produzem lixo nuclear. Essas são as principais fontes de energia do País.
Por isso, além de desligar equipamentos elétricos que não estão sendo usados e apagar as luzes durante o dia e ao sair dos ambientes, a dica para ser ambientalmente correto quando o assunto é energia elétrica é não tomar banho e passar roupas assim que chegar em casa se você trabalha em horário padrão (das 8h às 17h). Deixe para qualquer outro horário fora do período entre 18h e 21h.