O desenvolvimento sustentável, no olhar da OEA, por José Roberto Guedes de Oliveira
[EcoDebate] Vive, o nosso hemisfério americano, transformações jamais sentidas e nunca dantes imaginado, quando se fala em desenvolvimento sustentável.
São ações reais que se notificam pela clareza de propósitos e pela conscientização de países, independentemente de protocolos assinados ou mesmo de orientações vindas de nações mais desenvolvidas. É uma iniciativa, pois, de alto valor, capaz de alterar novas concepções de sustentabilidade para o bom viver.
A exemplo dessa afirmativa está a Bolívia, na sua grandeza de país que avança com significativa ordem no campo de proporcionar a todos uma perene reformulação de conceitos e de prioridades ímpares.
Para se ter uma idéia do alto desejo dessa mesma transformação, nos dias 4 e 5 passado, realizou-se na cidade de Santa Cruz de la Sierra, a Primeira Reunião Interamericana de Ministros e Altas Autoridades em Desenvolvimento Sustentável, dado a cabo pela OEA – Organização dos Estados Americanos, em conjunto com o Ministério de Planificação de Desenvolvimento deste nosso vizinho país.
Em dois dias de intensa atividade, de uma programação mais ampla possível à participação da sociedade civil, dos afrodescendentes e das comunidades indígenas, este evento foi algo que podemos classificar como divisor de águas para uma nova etapa na unidade indissolúvel de temas importantes, como a questão dos recursos hídricos, desastres ecológicos e problemas estratégico de gestão de agricultura, silvicultura e turismo sustentável.
As nações, todas, que compõem a OEA, são equânimes em seus ajustes para levar a cabo uma nova ordem de iniciativas que resultem em melhoria de qualidade de vida e de harmonia com a natureza – metas primordiais para a consolidação de todos os povos americanos.
Como convidados à participação desse fantástico evento, pudemos observar o quanto se trabalha neste sentido, ou seja, no de promover a imediata melhoria de vida, dentro dos padrões de existência sustentável.
Não se tratou, nesta oportunidade, na querida e calorosa cidade de Santa Cruz de la Sierra, somente de debater problemas ou expor as condições de cada região, mas, também, de elaborar propostas, evidenciar iniciativas pioneiras, como a de Costa Rica, por exemplo. Em todo o momento, se pensou e se agiu em função de unidade, criando elementos para informações e considerações aos Ministros de Estados e altas autoridades agrupadas no mesmo caminho de trabalho e de dedicação à causa do desenvolvimento sustentável. Foi, na verdade, uma panorâmica sensacional, criativa, aberta, considerada e, acima de tudo, exposta com exemplos e explicações das mais variadas tendências, dos mais variados organismos e das mais variadas autoridades das américas, sob a insígnia da OEA.
Aproveitando a oportunidade que nos foi dada, tivemos o ensejo de apreciar inúmeros projetos consistentes, elaboradas de forma concisa e que estão sendo desenvolvidos por pioneiros que se desdobram para uma dimensão maior na verdadeira concepção de “se viver bem e em harmonia com a natureza”.
Mais do que tudo, a OEA inseriu, no contexto da reunião, como propostas encaminhadas aos Ministros das nações presentes, as recomendações que descrevemos aqui, ou seja, a “gestão integrada dos recursos hídricos”, a “gestão de risco de desastres naturais” e o “apoio à gestão ambiental através da agricultura, silvicultura e turismo sustentável”. Só estes elementos, levados à uma plenária, com a efetiva participação de todos os convidados das organizações da sociedade civil, dos afrodescendentes e das entidades representativas indígenas, foi o suficiente para dizer que esta primeira reunião deu um clarão enorme e sacudiu as bases para uma nova retomada à caminhada inexorável da harmonia ambiental que deve reinar entre todos os países envolvidos.
Estes documentos apresentados no dia 3, aos Ministros de Estados, representou a ânsia, o desejo, a vontade, a percepção de todos os que estão envolvidos nesta tarefa árdua de engrandecer, cada vez mais, os princípios que norteiam a OEA, numa unidade indissolúvel e inquebrantável.
Pudemos, também, perceber o quanto a Bolívia, como anfitriã do encontro, está preocupada com o desenvolvimento sustentável, já que as suas riquezas minerais e capacidade produtiva são destaques para todos. Isto pudemos observar ainda bem acentuado nos países do hemisfério sul e da América Central, numa preocupação interminável sob a questão da existência do homem na Terra.
Poderíamos ficar aqui a tecer outras considerações a respeito do encontro que deu um forte embalo sobre se refletir consideravelmente na questão do desenvolvimento sustentável. O que importa, nisso tudo, é que não estão cruzando os braços – pessoas e organizações – mas indo à luta para reverter a caótica situação que se encontravam as nações, sem planos sustentáveis, sem rumo para uma nova retomada. A OEA, dentro do seu Departamento de Desenvolvimento Sustentável, vem agindo de forma brilhante, capaz e unida em torno da salutar vivência terrena e em harmonia, como dissemos, com a natureza. É isso que a faz merecedora da nossa atenção, do respeito a que devemos tê-la e da capacidade que divisamos em suas equipes de trabalho em estreitar laços, trocar idéias, proporcionar meios de intercâmbio e unificar no bem comum para todos.
A Primeira Reunião Interamericana de Ministros e Altas Autoridades de Desenvolvimento Sustentável deu o seu recado e se consolidou na participativa presença de todos que lá estiveram em dois dias de intenso calor. E, como não poderia deixar de ser, a calorosa receptividade do povo de Santa Cruz de la Sierra.
in www.EcoDebate.com.br – 18/12/2006