água: Fonte de vida por Jorge Gerônimo Hipólito
Caríssimos educadores ambientais do Brasil, infelizmente, ao olhar para bem longe, próximo do limiar do horizonte, não consigo ver com bons olhos o futuro dos recursos hídricos. Lamento, mas, com tantos profissionais especializados no assunto, não consigo vislumbrar com segurança um primeiro passo. Há muito tempo se comenta dos problemas e esses aumentam a cada instante. Muito se tem falado a respeito das causas que tendem a não permitir a busca de soluções. Uma dessas causas é o consumismo.
O consumismo gera ansiedades que leva o indivíduo a querer ganhar mais dinheiro e esse indivíduo não se preocupa com o hoje do futuro. Portanto, os recursos hídricos, deixam de ser prioridade, assim como a vida, o escrúpulo, o amor, a fé, a esperança, a ética, etc. Algum tempo atrás, na cidade de São José do Rio Preto, o Prof. Dr. Fábio Alberti Cascino enfatizou sobre “consumismo e reflexão”. Concordo com ele, no entanto, gostaria de testemunhar os efeitos da reflexão, ou seja, da reflexão para a ação. Percebo que pessoas fazem reflexão por toda a vida, no entanto, sem praticidade, nesse caso, passa a ser ilusão. Não podemos viver iludidos a respeito de coisas sérias, por exemplo, a respeito da vida.
O Brasil está dividido em bacias hidrográficas. Em todas elas existem pessoas com qualificação, o que nos leva a acreditar que sairemos do papel.
Caríssimos educadores são criados muitos papéis, por conta das pesquisas, levantamentos, custos, projetos, discussões, embates dos interesses políticos e comerciais, etc. Tudo bem! A burocracia é necessária, mas, quando ela vai permitir solucionar os problemas. Nós precisamos compreender que será difícil solucionar os problemas da água de uma só vez, mas se é possível resolver gradualmente, por que não? Na minha opinião, enquanto permitirem o direito à manifestação, ela deve ser feita. Cada um de nós deve manifestar e cobrar a quem de direito, para que tomem as providências. Considerando a importância da reflexão convido-os a refletirem sobre o que descrevo abaixo, esperando contribuir para a ação.
“Desenraizados”
Quando as árvores desaparecem, os poços ficam secos e o solo se esgota, a vida das populações das aldeias e pequenas cidades torna-se impossível.
Eles não têm escolha, a não ser juntar seus poucos pertences e sair pela estrada. O fenômeno dos “refugiados ambientais” torna-se cada vez mais um lugar comum, especialmente na África. (texto extraído do livro – Salve a Terra)
Vocês já imaginaram quantos refugiados ambientais existem no Brasil?
(abaixo trecho do discurso de Andy Russel, canadense, é escritor e ativista ambiental).
“Mas agora até as nascentes que brotam das rochas no topo dessa cadeia continental mostram vestígios de chumbo, da fumaça dos carros. Descendo os morros, o lixo industrial impregnou a água do solo, desde a superfície ate a camada rochosa, com cloretos, sulfatos, metais pesados e outros poluentes químicos. Em muitos lugares, a poluição é tão concentrada, que beber água é perigoso para pessoas e animais.
Foi esse contraste que me dominou enquanto eu falava aqueles jovens. Minha geração os abandonou, e mesmo que eles estejam dispostos a trabalhar e a lutar com afinco jamais verão o que eu conheci. Minha emoção foi tão forte, que acho que fiz um mau discurso – nem um pouco adequado à esperança, entusiasmo e coragem daqueles jovens.” (texto extraído do livro Salve a terra)
Refletindo sobre as futuras gerações, temos de admitir que jamais possam ver o que vimos. O colorido do mundo será diferente, provavelmente, tenha a cor da omissão. A água, talvez adquira cor, cheiro e sabor. O homem, talvez seja capaz de sentir vergonha, por ter sido incapaz.
Jorge Gerônimo Hipólito