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Artigo

Os governos e a edução ambiental, por Jorge Gerônimo Hipólito

“A Educação Ambiental é fator preponderante no contexto ‘desenvolvimento e qualidade de vida’; percebe-se, entretanto, não ter havido preocupação mais contundente em relação ao desenvolvimento. Em conseqüência, milhões de brasileiros vivem abaixo da linha de pobreza. Nota-se, também, que o homem tem a informação, no entanto, não consegue tomar a iniciativa de mudar seu comportamento.

O Brasil é um país continental, assim como os seus problemas… Que todos os dias, viram notícia. A partir das dificuldades referentes aos problemas sócio-ambientais, aparecem projetos que tem por objetivo solucioná-las, no entanto, de forma alopática. Essa solução não ocorre, todavia, em face da dimensão e complexidade dos problemas.

A idéia mais viável seria desenvolver programas a serem aplicados de forma homeopática, ou seja, que procurassem resolvê-las a partir das causas e não dos efeitos. Como conseqüência, possibilitariam melhorar a qualidade de vida das comunidades. Às vezes, penso: ‘não consigo consertar o mundo; entretanto, posso consertar o meu mundo’.

O meu mundo se restringe onde estou; é por esse mundo que posso lutar e que você também pode. Assim, seguindo esse raciocínio, poderíamos concluir ser possível, com a união de idéias e iniciativas, resolver os problemas do mundo.

Diante dos problemas existentes numa comunidade, faz-se necessário resolver primeiro aqueles que vislumbram prioridades, como por exemplo, o desemprego.

A aquisição de fazendas, através do Banco da Terra, estaria possibilitando emprego à dezenas de famílias. Em conseqüência, essas famílias teriam moradia, educação, segurança, renda, saúde, etc.

Esses empreendimentos, ao serem desenvolvidos e de forma ambientalmente correta, provocariam mudanças de comportamento. A Educação Ambiental tem como prioridade, exatamente, essa mudança. Por conta disso, é importante lembrar que, na agricultura tradicional, há o uso abusivo de agrotóxicos. Como resultado, a garantia de produção, porém, sem a preocupação com a qualidade…

AGROTOXICOS
A conseqüência do uso abusivo de agrotóxicos influencia na saúde das pessoas, pois causa doenças.
Exemplo: ‘epidemia de hipotireoidismo’ – publicado na Folha de São Paulo, em 10/11/02.

O orçamento com a saúde poderia ser drasticamente reduzido, se o agricultor optasse por mudar o seu comportamento. Essa tendência já existe, o que falta é iniciativa e coragem para a mudança: ‘O uso do cachimbo é que entorta a boca’.

ÁGUA
É sabido por todos que faltará água no mundo. Espero que isso não ocorra no meu mundo !!! Sou e somos capazes de tomar providências preventivas que resultariam no aumento da reserva hídrica superficial e subterrânea, senão vejamos:
– investir na construção de curvas-de-nível;
– construção de caixas secas; e
– recuperação da mata ciliar.

Essas medidas impedem o carregamento de partículas do solo, inclusive férteis, para os cursos d’água, evitam o assoreamento e ao mesmo tempo colaboram para a retenção das águas fluviais, enriquecendo o lençol freático.

MATAS CILIARES
As matas ciliares estão quase que dizimadas, em face do comportamento tradicional (uso do cachimbo). O homem foi desmatando, através dos tempos, para conseguir novas áreas férteis e hoje pouco resta das matas que protegem os nossos rios. O pouco que resta deve-se à fiscalização ambiental, com a aplicação da lei.

A Educação Ambiental possibilita inovações, como por exemplo, instalar no empreendimento agrícola um viveiro de mudas.

VIVEIRO DE MUDAS
O viveiro de mudas é um investimento que gera lucros e permite a diversidade de culturas, a um custo baixo. Senão, vejamos:

O viveiro permite a produção de mudas de árvores nativas, típicas da região. Essas mudas podem ser direcionadas para a recuperação das matas ciliares do empreendimento, bem como de todos os cursos d’água do município, ou de acordo com a demanda. Importante observar a possibilidade de recuperação da reserva florestal, que corresponde a 20% (vinte por cento) de cada propriedade rural, conforme dispositivo legal. Normalmente, o proprietário de fazenda não demonstra interesse em reflorestar; todavia, se o reflorestamento ocorrer de forma a consorciar espécimes arbóreos frutíferos, possibilitando renda, possivelmente não haveria interesse em desmatar, porque a floresta passaria a ser importante para o proprietário, levando-se em conta o seu grau de consciência ambiental.

No Estado de São Paulo é possível verificar-se que, em certas propriedades rurais, existem áreas agrícolas cansadas, às vezes já inviáveis para a agricultura. Essas áreas poderiam ser utilizadas para a formação de florestas plantadas ( ex: eucaliptos). Para se ter parâmetros, vejamos uma comparação, em vários países, de eucaliptos prontos para o corte em função do tempo:
– Países Escandinavos – 25 anos;
– USA – 12 anos;
– Brasil – 6 a 7 anos.

A floresta plantada possibilita RENDA e PRESERVAÇÃO da floresta natural.

O viveiro permitiria, também, a produção de mudas de café, seringueira, pupunha, coco da Bahia, laranja, limão, manga, cacau e uma diversidade de plantas ornamentais. Essas mudas, na medida em que fossem produzidas, poderiam ser direcionadas para o empreendimento, atendendo à programação já existente, ou ao interesse das pessoas nele envolvidas.

A Educação Ambiental tem como princípio básico melhorar a qualidade de vida nas comunidades. A acomodação de famílias, num empreendimento agrícola, significa promover o êxodo urbano. A bem da verdade, vem corrigir o que de errado ocorreu com o êxodo rural, a partir da década de cinqüenta, pois as cidades não atenderam a demanda do emprego…

O êxodo rural, como conseqüência, conduziu irmãos brasileiros para a margem da sociedade. Estar à margem da sociedade possibilitou o desmoronamento da família, a desintegração da moral e da dignidade. Percebe-se que faltou, e ainda falta, visão, iniciativa e interesse para corrigir tantas injustiças sociais.

O Educador Ambiental não deve ter um perfil político partidário, pois assim não permitirá disputas políticas entre os que administram para a comunidade, mesmo porque alguns administradores (políticos) não vêem como prioridade a ‘educação’.

A Educação Ambiental, aplicada na prática e não apenas na teoria, permitiria também ao Ministério Público tomar medidas que pudessem viabilizá-la, pois, os resultados seriam acompanhados por toda a sociedade.

O município que hoje investir em Educação Ambiental estaria cumprindo a ‘Agenda 21’, dispositivo acordado na Eco 92, portanto, poderia se tornar um modelo a ser seguido e, o mais importante, estaria investindo na melhoria da qualidade de vida e dando condições de auto-subsistência àqueles que vivem abaixo da linha da pobreza.

O Educador Ambiental deve zelar para que as metas sejam alcançadas. Para isso, deve ser conciliador, ouvidor e motivador, mostrando às pessoas o quão importante é preservar os recursos naturais, que por sua vez irão lhes propiciar qualidade de vida.

Destarte, em épocas de campanhas eleitorais, surgem inúmeros candidatos que levantam a bandeira da educação ambiental; na verdade, a maioria deles se equivale às pragas nocivas das lavouras… Eu os compararia a nuvens de gafanhotos…, portanto, sejamos seus predadores, pois essas pragas devem ser combatidas com tenacidade. Do contrário, não haverá colheita na educação !!! ”

Jorge Gerônimo Hipólito