Pesquisa sobre os Resíduos Sólidos, Educação Ambiental e Responsabilidade Compartilhada – Resultados e análises 3
Este é o terceiro artigo com os resultados e análises da pesquisa online sobre os resíduos sólidos, educação ambiental e responsabilidade compartilhada realizada no segundo semestre/2015 pelo Cenatec e o Projeto Escolas Sustentáveis – O futuro está presente! uma ação coletiva de responsabilidade ambiental e social voltada à capacitação dos educadores e comunidades escolares para o ensino/aprendizagem e o desenvolvimento de projetos integrados e contextualizados de educação ambiental nestas comunidades (http://www.cenatecbrasil.blogspot.com.br/2013/12/escolas-sustentaveis.html). Foram 284 participantes de todas as regiões do Brasil. O primeiro e o segundo artigos publicado no Portal EcoDebate analisam as primeiras cinco questões propostas que identificam a) os participantes; b) o percentual por regiões brasileiras respectivas e c) as perspectivas e ações dos participantes em relação aos resíduos do consumo diário e estão disponíveis nos links ao final deste texto.
A sexta questão de livre escolha da pesquisa solicitou que os participantes indicassem “Em relação aos catadores de materiais recicláveis, em sua opinião, qual alternativa descreve melhor as suas atividades”? Foram 283 respostas e uma abstenção com os seguintes resultados:
– Atrapalham o trânsito e a livre circulação, espalham os resíduos e não deve ser permitido este tipo de atividade: 04 respostas com 1,42%;
– Atrapalham o trânsito e a livre circulação, mas é uma atividade importante que deve ser permitida: nenhuma resposta com 0%;
– Realizam um trabalho importante, mas que muitas vezes atrapalha e resulta na dispersão dos resíduos. Devem ser mais eficientes e responsáveis: 31 respostas com 10,95%;
– Realizam um trabalho indispensável para a reciclagem e a reintrodução de diversas matérias primas nas cadeias produtivas. Devem ser capacitados, organizados em cooperativas/associações e incentivados em suas atividades: 248 respostas com 87,63%.
O reconhecimento da importância dos trabalhadores com materiais recicláveis e/ou reutilizáveis é amplo, com 87,63% das respostas indicando a quarta alternativa inclusive concordando com a capacitação e incentivos organizacionais que qualifiquem e profissionalizem as suas atividades. Se tomarmos como critério a importância, 98,58% dos participantes assim consideram esta atividade, embora existam ressalvas aos métodos pelos 10,95% que optaram pela segunda alternativa. Este resultado demonstra que o estabelecimento de políticas públicas de apoio e incentivo para estes trabalhadores, assim como a sua inserção nas cadeias de logística reversa pós-consumo, capacitação e profissionalização terão bons resultados com o apoio e adesão dos consumidores aos projetos e programas implantados.
A sétima questão de livre escolha da pesquisa solicitou aos participantes que indicassem “Quanto à coleta seletiva, se estiver disponível, qual sua opção”? Foram 282 respostas e duas abstenções com os seguintes resultados:
– Não mudar a forma como descarto meus resíduos: 01 resposta com 0,35%;
– Não mudar a forma como descarto meus resíduos, mas colaborar no que for possível e que não exija esforço: 01 resposta com 0,35%;
– Colaborar em parte, realizando uma separação básica dos resíduos mais volumosos e/ou pesados: 12 respostas com 4,26%;
– Colaborar de acordo com as orientações dos órgãos responsáveis, separando e acondicionando os resíduos corretamente, inclusive nos locais e horários adequados à coleta seletiva: 268 respostas com 95, 04%.
Na quarta alternativa apontada por 95,04% dos participantes está o índice mais alto de toda a pesquisa, indicando uma clara disposição dos consumidores para colaborarem com programas de coleta seletiva se estiverem disponíveis e organizados com instrumentos e regras adequadas ao descarte correto das embalagens pós-consumo e dos produtos obsoletos. Um índice que podemos considerar aproximado dos 87,63% – segundo maior índice da pesquisa – que na questão anterior consideraram indispensável às atividades e a profissionalização dos trabalhadores com materiais recicláveis.
A análise destas duas questões indica que ao menos no âmbito desta pesquisa, que não analisa os aspectos culturais e de formação dos participantes limitando-se às questões básicas propostas, há uma ampla possibilidade para a colaboração e apoio da sociedade a projetos que tenham a coleta seletiva e a reciclagem como base para a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos. O uso adequado de programas de educação ambiental direcionados às realidades específicas dos consumidores e cidadãos pode impulsionar e consolidar esta tendência identificada entre os participantes.
Alguns comentários dos participantes:
“[…]. São inúmeros os objetos descartados que dariam para reaproveitar e simplesmente são jogados fora. A quantidade de lixo é enorme e cresce cada vez mais, os aterros sanitários lotados e as pessoas não param de consumir. Ao meu ponto de vista é urgente a questão da conscientização, em larga escala”. Participante nº 212, segunda feira, 23/11/2015, 09 h 51 min.
“Na pergunta sobre os catadores, nenhuma reflete minha percepção. Eles ajudam sim, mas existem ferramentas melhores. Gostaria de ter respondido: nenhuma das alternativas listadas”. Participante nº 11, quarta feira, 24/06/2015, 19 h 12 min.
“1. O gerador inicial do lixo é, em grande parte a indústria e o distribuidor do produto embalado. 2. A creche, a escola, a universidade são locais onde se deve ensinar a administração da coleta do lixo”. Participante nº 130, quarta feira, 04/11/2015, 09 h 59 min.
Antonio Silvio Hendges, Professor de Biologia e articulista no EcoDebate, Pós Graduação em Auditorias Ambientais, assessoria em Educação Ambiental e Resíduos Sólidos –
* Nota: Leiam, também, as partes anteriores da Pesquisa sobre os Resíduos Sólidos, Educação Ambiental e Responsabilidade Compartilhada – Resultados e análises:
in EcoDebate, 01/02/2016
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