Petróleo, o grande vilão na mudança climática, artigo de Rogério Aparecido Machado
[EcoDebate] Especialistas afirmam que temos pouco tempo para mudar hábitos e tentarmos reverter o quadro da mudança climática. Em 2013, a Academia Nacional de Ciências publicou um estudo que explica o porquê muitas cidades ficarão isoladas em algum grau de submersão devido ao aumento no nível do mar. Em contrapartida, também temos estimativa de que até 2020 todos os cantos do planeta já terão sofrido com essas transformações.
No último dia 8, o El País publicou uma matéria sobre a Cúpula do Clima de Paris, informando que estaríamos próximos da última chance para revertermos a mudança climática. Para o professor de química da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rogério Aparecido Machado, não é necessariamente a última oportunidade, mas afirma que o tempo está se esgotando e a população está muito atrasada no processo de reversão ou estagnação desta transformação que está em curso.
A Terra está mais quente por vários fatores. Pode-se começar pela falta de sensibilidade na derrubada de florestas que comandam o ciclo hidrológico, no qual as chuvas seguem um padrão e a evaporação é fundamental. Outro ponto, é o fato de que com o desmatamento o caminho dos ventos é outro, não acumulando água que se tornaria chuva. Por fim, o ar poluído com gás carbônico e metano dificultam a saída do calor da Terra fazendo com que ela fique aquecida. Para o professor Machado, não adianta querer diminuir estes gases sem enfrentar a realidade.
“O mundo em que vivemos é a sociedade do petróleo e, este, não está perto do fim, temos ainda no mínimo um século de consumo desse combustível. Esse fator torna as mudanças de padrão de consumo mais complicadas para países como EUA (Estados Unidos da América), China, Japão ou Rússia. Outro agravante é que esse óleo não é usado apenas como combustível, mas também é a matéria-prima direta ou indireta de alimentos e bens de consumo. Ele está presente nas embalagens, no transporte ou onde menos esperamos. Esta é a nossa maior dependência; precisamos refletir e começar a mudar muito mais, além de apenas parar de usar gasolina ou diesel”, afirma.
Segundo Machado, não é a última chance do planeta, mas precisam pensar, muito, cientificamente para não apenas dar um remédio para natureza, pois ela precisa que seu verdadeiro problema seja resolvido, e este pode-se considerar que é a sociedade baseada no consumo de barril de petróleo por inteiro
Rogério Aparecido Machado é Doutor em saúde Pública pela USP e Mestre em Saneamento Ambiental pelo Mackenzie.
[cite]
in EcoDebate, 16/11/2015
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O planeta sobrevive, quem vai se lascar somos nós.
Apesar da já conhecida ação devastadora que a utilização dos combustíveis fósseis causam ao clima como um todo, e não cabe aqui ressaltar novamente o que já é sabido, penso ser necessário atacarmos o outro ponto de impacto no meio ambiente e que na maioria das vezes é “camuflado”, visto a grande dificuldade em combatê-lo. Refiro-me ao consumo de carnes, este sim um grande potencializador no aquecimento global. Milhares de hectares de novas áreas são desmatadas anualmente para plantio de alimentos para a produção de gado e, quando já esgotadas para o plantio, viram áreas de pastagem para criação de gado. Não quero me ater a detalhes sobre como este sistema nefasto contribui para a degradação ambiental, haja vista que para cada $1 milhão de receita na produção de carnes temos $11 milhões em prejuízos ambientais que de longe serão sanados nesta geração, o que pela própria reportagem já alerta para a falta de tempo hábil. Seria bom atacarmos o problema com mais energia para, quem sabe, nossos bisnetos possam ver resultados positivos, se ainda houverem humanos para ver tais resultados, pois o planeta, como a Mariana disse, vai continuar existindo…
Concordo com Mariana. Discordo do Luciano, mas entendo sua perspectiva.
Na verdade é o sistema extensivo de criação não o consumo de carne o vilão dessa história toda.
Certamente a derrubada de 1 hectare alimenta 3 bois no ano 0 da derrubada, mas estudos apontam que pastagens degradadas ao longo do tempo são insuficientes para alimentar 1 bovino adulto por hectare.
Aqui no Nordeste a caatinga sofre com o desmatamento para lenha (Já que a nossa matriz energética ainda utiliza recurso vegetal para isso) ou com a pressão do setor pecuário (Seja grandes produtores ou agricultores familiares), o modelo é de intensificação do número de animais criados de forma extensiva.
Atitudes simples, com práticas de racionalização desses criatórios, com o manejo melhorado, produção intensiva de forragens (Silagem, quando possível e feno, sempre), definitivamente contribuiriam para um modelo pecuário mais sustentável.
Ter em conta a herança que deixaremos é o que pode nos mover para o acerto.