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Fechou o tempo, artigo de Montserrat Martins

 

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[EcoDebate] Piada da semana: Cunha chorou ao ver sua foto mostrada pelo banco suíço, dizendo que tinha encontrado seu irmão gêmeo desaparecido há anos. O que parece piada, mas não é, é que a oposição fechou os olhos à corrupção de Cunha para tentar o impeachment da Presidenta – e com qual fundo moral? Combate à corrupção. As pessoas comuns, que não gostam de política, sentem revolta e desânimo. A impunidade do Cunha, flagrado com a mão na massa, gera descrédito no país.

O tempo fechou em Brasília, um grupo querendo derrubar o outro. As expressões “o tempo” e “o clima” são metáforas habituais das relações humanas. É fundamental para a agricultura, interfere no comércio e influencia até o humor das pessoas. Pois o tempo fechou no sul do país também, com inundações e desabrigados, enquanto outros estados, ao contrário, vivem secas dramáticas.

“É verdade mesmo o aquecimento global?”, me perguntou uma familiar, de formação universitária, de quem eu não esperaria dúvidas sobre os cientistas do IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change, órgão das Nações Unidas. Mas essas dúvidas não surgem à toa, são fruto de um trabalho profissional de “desconstrução” da imagem do IPCC, com cientistas contratados para colocarem em dúvida os alertas oficiais. Revistas semanais brasileiras já publicaram entrevistas com esses plantadores de dúvidas. Que eles são contratados por grandes empresas de petróleo quem afirma é o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore, que portanto não é um “denuncista” qualquer e nem mesmo um crítico do capitalismo. Al Gore tem descrito em seus livros e vídeos essa estratégia altamente profissional de contratar cientistas para levantarem dúvidas contra o IPCC.

Um político brasileiro, relator de projetos que favoreceram o desmatamento, desafiou o alerta científico, pois ocorria na época uma temporada de frio no país. Ocorre que a previsão do aquecimento global não é de um retilíneo aquecimento mas sim de, em primeiro lugar, um grande aumento na amplitude térmica.

Mais intensidade do calor, mais intensidade do frio, mais intensidade das chuvas, mais intensidade das secas. Lutzemberguer explicava que “a Amazônia não é o pulmão, é o ar condicionado do planeta”. Estamos perdendo em primeiro lugar é o equilíbrio, a regulação do tempo, numa faixa térmica que era ideal à vida humana e com chuvas regulares.

O Papa Francisco foi o primeiro Papa a fazer esse alerta. Obama também é o primeiro presidente de um império a admitir a crise climática.

No Brasil houve períodos em que Exército, Aeronáutica e Polícia Federal foram mobilizadas pelo Ministério do Meio Ambiente para combater o desmatamento ilegal. Hoje, essas forças estão desmobilizadas – e nós, abaixo de mau tempo.

Montserrat Martins, Colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade.

 

in EcoDebate, 26/10/2015

[cite]


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One thought on “Fechou o tempo, artigo de Montserrat Martins

  • Caríssimo MontSerrat Martins e demais leitores do ecodebate,
    Conheci há pouco este site, e desde o início simpatizei e me tornei um leitor assíduo do boletim. Entretanto prefiro utilizar um codinome para tecer estes comentários.
    Concordo que existem estes desconstrutores profissionais, tanto de órgãos como o IPCC, como de governos, como das políticas públicas que ameacem o status quo dos grandes interesses econômicos.
    Mas, falando do clima, percebo que hoje as pessoas olham muito para a tela do seu celular e muito pouco para o céu. Se olhassem mais para o céu nos últimos tempos, por todo o Brasil as pessoas veriam os rastros químicos que estão sendo pulverizados com relativa frequência por aviões a grande altitude. Esta fumaça tem a capacidade de retirar da atmosfera toda a umidade responsável pela formação das chuvas e pode dissipar até aqueles enormes cumulus nimbus, transformando-os em chuva de vento com esparsos e grossos pingos.
    O Brasil é um país predominantemente quente e chuvoso, todos sabemos e conhecemos o nosso clima. Como conceber uma chuva que se forma no céu a partir de meio dia, como sempre ocorre na primavera/verão, mas no entanto não se precipita sobre a terra? Como aceitar que de uns tempos pra cá isso tenha se alterado?
    É uma coisa chamada geoengenharia do clima o que ocorre no Brasil. Esta é a verdadeira “mudança climática”, meu caro. Basta olhar para o céu.
    O que se aproxima aqui em Minas Gerais é uma verdadeira calamidade pública, com centenas de municípios com escassez de água e posso dizer que sem chuva milhares de pessoas, plantas e animais morrerão já no próximo verão de 2016. Como no entanto o que impera na humanidade hoje é a mentira e a ocultação dos fatos pela grande mídia e pelos donos da internet, acreditamos que existe uma seca natural, uma inundação espetacular, e até mesmo uma crise generalizada.
    Viajo muito pela BR 040 saindo de Belo Horizonte. A Coca-Cola instalou uma fábrica gigantesca as margens da rodovia e num ponto acima de todas as lagoas da região, algumas muito chiques e famosas, como a Lagoa dos Ingleses. Isso em meio a uma “crise”. Portanto estamos a mercê das grandes corporações, que não estão nem aí para qual país e qual população está sendo sacrificada para atender aos seus interesses geopolíticos e geoeconômicos. Basta, portanto olhar para o céu e entenderemos a “mudança climática”.
    Saudações,
    Waldomiro

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