Desmatamento cresce 152% em Mato Grosso
Foto: Divulgação – Arquivo ICV
Por Daniela Torezzan/ICV
O desmatamento em Mato Grosso voltou a crescer depois de anos em queda, registrando alta de 152% no atual calendário de monitoramento, que começou em agosto de 2014 e fechou em julho de 2015, em comparação com o mesmo período do ano anterior. O monitoramento por satélite registrou 1.036 quilômetros quadrados de desmatamento nestes 12 meses, contra 411, do período anterior (agosto de 2013 a julho de 2014). Com isso, o Mato Grosso lidera o ranking nacional de corte da floresta, sendo responsável por 31% de todo o desmatamento registrado na Amazônia Legal, que também teve aumento, de 63%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, pelo Instituto do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Dos oito estados que compõe a Amazônia Legal, apenas o Pará conseguiu reduzir o desmatamento em comparação ao calendário anterior. Embora o monitoramento tenha detectado 732 quilômetros quadrados de desmatamento, os esforços permitiram uma redução de 14% em comparação com o mesmo período do ano anterior, que totalizou 852 quilômetros quadrados.
Em Mato Grosso, a maior parte do desmatamento, 61% do total acumulado no último ano, aconteceu em imóveis rurais não cadastrados no Sistema Integrado de Monitoramento e Licenciamento Ambiental (SIMLAM). Uma tendência que se repete, já que no período anterior, o total nessa categoria fundiária foi de 62%.
Análise do Instituto Centro de Vida (ICV) mostra que o município de Colniza, na região noroeste de Mato Grosso, registrou 204% de aumento na comparação com os dois períodos, totalizando 171 quilômetros quadrados de retirada da floresta, entre julho ao ano passado e agosto deste ano, o que representa 17% do total detectado em Mato Grosso. Vale lembrar que, segundo dados divulgados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) o município tem apenas 43% da área no Cadastro Ambiental Rural (CAR).
O ranking estadual dos municípios que mais desmataram é composto ainda por Feliz Natal (84 km²) e Juína (62 km²). Com relação ao tamanho, a análise do ICV aponta que 53% da área teve desmatamentos entre 50 e 250 hectares.
Para Alice Thuault, Diretora Adjunta do ICV, a situação demonstra um grande desafio que é a necessidade de reforçar a ação em nível municipal, citando, por exemplo, o fato de Colniza não ter aderido ao Programa Mato-grossense de Municípios Sustentáveis, cuja implementação prevê a elaboração de um plano de metas para área de gestão ambiental, fundiária e desenvolvimento de cadeias produtivas sustentáveis. “Já está provado que não é necessário mais desmatar para produzir. Mato Grosso, como maior produtor de grãos e maior rebanho bovino do Brasil, precisa assumir esse compromisso e empenhar esforços para zerar o desmatamento”, reagiu.
Entre agosto de 2014 e julho de 2015, a Amazônia Legal perdeu 3.322 quilômetros quadrados de floresta.
Confira os infográficos interativos aqui.
in EcoDebate, 28/08/2015
[ O conteúdo da EcoDebate pode ser copiado, reproduzido e/ou distribuído, desde que seja dado crédito ao autor, à EcoDebate e, se for o caso, à fonte primária da informação ]
Inclusão na lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate
Caso queira ser incluído(a) na lista de distribuição de nosso boletim diário, basta enviar um email para newsletter_ecodebate+subscribe@googlegroups.com . O seu e-mail será incluído e você receberá uma mensagem solicitando que confirme a inscrição.
O EcoDebate não pratica SPAM e a exigência de confirmação do e-mail de origem visa evitar que seu e-mail seja incluído indevidamente por terceiros.
Remoção da lista de distribuição do Boletim Diário da revista eletrônica EcoDebate
Para cancelar a sua inscrição neste grupo, envie um e-mail para newsletter_ecodebate+unsubscribe@googlegroups.com ou ecodebate@ecodebate.com.br. O seu e-mail será removido e você receberá uma mensagem confirmando a remoção. Observe que a remoção é automática mas não é instantânea.
É estranho que a foto usada para ilustrar a matéria poderia ser esperançosa ou desesperadora, dependendo do contexto.
Poderia ilustrar um corredor biológico aparentemente bem feito, passando entre diferentes pedaços de plantação.
Ou destruição chegando por três lados diferentes a um último refúgio de mata que sobrou.
Dado o contexto da reportagem, deve ser o último, infelizmente.
COMO CONTER O PROCESSO DESTRUTIVO?
Temos, ao menos, a esperança de que a derrubada das florestas – em Mato Grosso, em toda a Amazônia e em todo o planeta Terra – chegará ao fim: quando não mais houver floresta que ainda não tenha sido derrubada.
O regime capitalista, em busca do lucro (desenvolvimento econômico dos Estados nacionais e das empresas públicas e privadas) continuará atacando, indiscriminadamente, todos os ecossistemas terrestres, até quando todo o planeta Terra entrar em colapso.
Existem meios práticos capazes de conter esse processo destrutivo, que se robusteceu em proporções inimagináveis com a Revolução Industrial, iniciada na segunda metade do século XIX????
Acredito que, dado o avançado estado de degradação ambiental em que se encontra o planeta Terra, e considerando as grandes alterações climáticas planetárias já ocorridas e que se encontram em expansão, e que todo o processo destrutivo continuará evoluindo, lamentavelmente, NÃO HAVERÁ CONDIÇÃO DE SE ADOTAR MEIOS PRÁTICOS CAPAZES DE CONTER O PROCESSO DESTRUTIVO A QUE ESTÃO SUBMETIDAS AS CONDIÇÕES DE VIDA EM TODO O PLANETA TERRA.
Além de tudo que que foi dito acima, havemos de considerar a correlação de forças existes, em todo o planeta, e o poder de organização de que elas dispõem.
Em síntese, podemos dizer que as forças e a capacidade organizacional do poder dominante não tem limites, visto que ele – o poder dominante – é dono de tudo, e é quem faz as regras do jogo imundo, que é jogado entre os dominadores e os escravizados – que hoje são chamados de trabalhadores – enquanto as classes oprimidas têm força e poder de organização NULOS.
Diante do exposto, concluímos que o nosso destino já está traçado, com disse o poeta Cazuza, e que o tempo que nos resta é quase nada.