Os custos de Belo Monte: indícios para a Lava Jato investigar, por Telma Monteiro
Os custos da hidrelétrica Belo Monte que está sendo construída no rio Xingu, no Pará, já estão beirando os R$ 31 bilhões. Foi em 2010 que Belo Monte saiu dos R$ 16 bilhões iniciais para os R$ 19 bilhões. Depois pulou para R$ 25 bilhões e daí para R$ 28 bilhões. Em quatro anos, o custo quase dobrou. Não dobrou, porém, a expectativa de geração de energia. Com capacidade instalada de 11 mil MWh, Belo Monte mal vai chegar a produzir 4 mil MWh na maior parte do ano. Isso se ficar pronta.
Depois de vencer o leilão de venda de energia de Belo Monte, em abril de 2010, o consórcio Norte Energia corrigiu a estimativa de investimentos de R$ 19 bilhões para R$ 25 bilhões. O BNDES é o financiador, já tendo repassado R$ 22,5 bilhões. A concessão é de 35 anos e a receita da comercialização dessa energia, feitas as contas, passará dos R$ 100 bilhões. Tomara que as investigações da Lava Jato incluam esses custos e os valores que o consórcio construtor, formado pelas mesmas empreiteiras envolvidas no escândalo da Petrobras, devem faturar com as obras.
O TCU
Em 2009 o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou irregularidades no processo de Belo Monte. Ainda em fevereiro de 2010, o Acórdão nº131/2010-Plenário do TCU encaminhou determinações e recomendações à Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Os custos de construção de Belo Monte ainda estavam nos R$ 16 bilhões.
A EPE, então, aproveitou para acrescentar uma revisão no orçamento que levou a um aumento de R$ 3 bilhões nos custos indiretos com canteiros e acampamentos, logística, manutenção e operação do canteiro. Desse montante, R$ 801 milhões se referiam às condicionantes da LP. A EPE, para justificar a correção, disse que havia “subestimado” os cálculos. É difícil acreditar que Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht, Leme Engenharia e Eletrobras, responsáveis pelos estudos de viabilidade técnica e econômica, tivessem errado no cálculo.
Portanto, R$ 3 bilhões foram acrescentados à conta de Belo Monte numa tacada só. O custo direto total (CDT) de Belo Monte pulou de R$ 16 bilhões para R$ 19 bilhões. Depois disso os aumentos que se sucederam, até atingirem o valor atual, não foram explicados, nem com planilhas, nem sem elas. Mesmo alterando o projeto, dos dois canais de desvio das água do rio Xingu só está sendo construído um, o custo não caiu.
Texto de Telma Monteiro, originalmente publicado em seu blogue pessoal e reproduzido pelo Portal EcoDebate, 10/03/2015
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Vale ressaltar como muito bem colocado por Tema Monteiro, a questão dos canais para o desvio das águas do Xingu, que desde o inicio constavam no projeto e foi licitado como sendo dois canais, e considerando que o volume de movimentação de terras, muita pedra, pois o local é bem rochoso, seria muito grande o que seriam necessários alguns milhões para a execução desse trabalho, com a mudança do projeto após o inicio das obras causa espanto que com o volume de trabalho a menos na obra, o custo fez é aumentar ao invés de diminuir, se bem que essa jogada dos canais já era conhecida pelas empresas que participaram d tanto da licitação, com das que ficaram de fora para formar o consórcio construtor, hoje na verdade é tudo uma coisa só, e por uma coincidência a maioria dela s está envolvida com o petrolão…Se apertar Belo Monte, sai muita mutreta, e os agentes são os mesmos…